Acidente no metro do Terreiro do Paço. Mergulhadores revelam imagens 20 anos depois

Vinte e um anos depois, o Metro autorizou finalmente o inspetor-chefe, entretanto reformado, a prestar declarações e a mostrar os vídeos.

Mais de 20 anos depois do acidente na construção do túnel do metropolitano no Terreiro do Paço, em Lisboa, vão ser mostradas esta sexta-feira, pela primeira vez, imagens captadas por uma equipa de mergulhadores no local. O acidente aconteceu em junho de 2000, levou à paragem das obras durante seis meses e a uma derrapagem superior a 65% nos custos da obra.

Agora, 21 anos depois, o metro autorizou finalmente o inspetor-chefe, entretanto reformado, a prestar declarações e a mostrar os vídeos. É isso que vai acontecer esta noite, numa sessão organizada pelo Centro Português de Actividades Subaquáticas (CPAS).

O diretor deste centro, Filipe Caldeira, já viu as imagens e revela que os mergulhadores ficaram surpreendidos com aquilo que viram.

"Os mergulhadores ficaram admirados com os danos estruturais do túnel, precisamente por causa das diferentes pressões existentes, e também com a dificuldade de efetuar este reconhecimento do túnel com as operações de mergulho. Estamos a falar de mergulhos com visibilidade zero porque o túnel estava completamente às escuras e também porque poderia levantar algum tipo de perigo para os mergulhadores, estavam lá dentro todos os elementos de construção", explicou à TSF Filipe Caldeira.

O responsável sublinha as condições extremas que a equipa de mergulhadores teve para trabalhar no túnel do metro do Terreiro do Paço, no ano 2000, e explica que intervenções como esta exigem uma preparação especial.

"Este tipo de mergulhador profissional mergulha predominantemente com recurso a um capacete de mergulho que permite um circuito de vídeo e áudio para com a superfície. A postura respiratória é fornecida pela superfície e, portanto, o mergulhador é sempre supervisionado e a superfície tem sempre contacto com ele. Também posso levantar uma pontinha do véu e revelar que este tipo de mergulhadores esteve a treinar em grutas no Alviela precisamente para tentar mimetizar o tipo de dificuldade acrescida no túnel, que era o mergulho em caverna, ausência de luz e complexidade dos obstáculos", acrescentou o diretor do CPAS.

O acidente no túnel do Terreiro do Paço aconteceu no dia 8 de junho de 2000. A obra esteve parada durante seis meses e os custos dispararam. Era para custar 47 300 000, mas o Tribunal de Contas registou uma despesa superior a 78 milhões. Tudo por causa de um abatimento do piso entre o torreão nascente do Terreiro do Paço e o rio Tejo.
Alguns metros mais abaixo, água e lama entraram no túnel em construção. A força da água deformou as paredes e levou ao abatimento do piso à superfície. Era o princípio de meses de paragem na obra.

Novas infiltrações, uma solução que tardava e muita polémica levaram a sucessivos adiamentos do recomeço da obra e da data de abertura da nova estação de metro do Terreiro do Paço. Dois anos mais tarde, em junho de 2002, o ministro das Obras Públicas na altura, Valente Oliveira, resolveu encomendar uma peritagem de um consultou holandês. Dizia-se que tinha larga experiência em terrenos complicados.

Estudos para trás e para a frente, só muito mais tarde, em dezembro de 2007, é que o metro entrou finalmente nos carris. Era a primeira viagem de dois minutos entre Santa Apolónia e o Terreiro do Paço.

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