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A Assembleia Municipal do Porto aprovou por unanimidade uma recomendação da CDU para que a autarquia adote as medidas necessárias à reabilitação dos dois fornos da Fábrica de Louças de Massarelos e o seu espaço envolvente.
A proposta foi aprovada por todas as forças políticas na sessão ordinária da Assembleia Municipal do Porto que decorreu na segunda-feira.
De acordo com o deputado Rui Sá, da CDU, os dois fornos da Fábrica de Louças de Massarelos, situados na Avenida Paiva Couceiro, "são exemplares únicos e trazem à memória o Porto industrial".
"Estão danificados e o espaço envolvente está muito maltratado", afirmou o deputado.
Na proposta, a que a Lusa teve acesso, a CDU salienta que a Fábrica de Louça de Massarelos, fundada no século XVIII, foi "pioneira no fabrico industrial de louça de faiança de uso doméstico e decorativo com grande qualidade".
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O deputado Rui Sá, da CDU, afirma que os dois fornos são exemplares únicos e estão quase ao abandono.
"Em 1920 esta fábrica foi vítima de um incêndio que a destruiu totalmente, obrigando à sua desativação", refere a CDU, dando nota de que a louça continuou, até 1980, a ser produzida numa unidade industrial situada na Quinta de Roriz, no Bonfim.
Dois dos três fornos da fábrica, construídos em 1901, foram reabilitados e colocados num espaço da Avenida Paiva Couceiro, mas "estes fornos e o espaço envolvente não têm sido preservados, encontrando-se cheios de mato, sujos, vandalizados e sem quaisquer referências que permitam aos visitantes ficar a conhecer a sua história", defende a CDU.
Rui Sá diz que a construção da nova ponte sobre o Douro pode pôr em causa a preservação destes fornos.
Além da reabilitação dos dois fornos e da envolvente, a proposta visa recomendar à Câmara do Porto a integração dos mesmos nos circuitos culturais e museológicos da cidade.
Na sessão, o deputado Francisco Carrapatoso, do PSD, afirmou que a "preservação dos fornos poderá estar em risco".
"Creio que estes fornos irão colidir com os alicerces da nova ponte sobre o Douro, é isso que resulta dos traçados do Plano Diretor Municipal (PDM)", afirmou.
Em resposta ao social-democrata, Rui Sá afirmou que "olhando para o PDM, parece que [os fornos] ficam salvaguardados".
"O traçado não passa por cima deles", assegurou.
A CDU viu ainda rejeitada, com o voto contra do PSD e do grupo municipal Rui Moreira: Porto, O Nosso Partido, uma recomendação para que a Câmara do Porto adotasse as "medidas necessárias" para que um terreno situado nas proximidades da Rua de Serralves fosse cedido aos moradores que lá criaram uma horta comunitária.