"Este palácio é um conto de fadas"
Património

Brejoeira: um palácio encantado que custou "400 contos" e está à venda por 25 milhões de euros

Acolheu reis, nobreza e clero, e até um encontro de ditadores, Franco e Salazar. Um empresário do Porto ofereceu-o à filha quando esta cumpriu 18 anos de idade. Hermínia d' Oliveira Pais fez dele a sua casa até morrer em 2015, com 97, e o berço do vinho Alvarinho na região de Monção e Melgaço, criando uma marca que ainda hoje produz "70 a 80 mil garrafas por ano".

O Palácio da Brejoeira, situado na freguesia de Pinheiros (Monção), está à venda por 25 milhões de euros. Quando foi construído, no início do século XIX, a mando do cavaleiro da Ordem de Cristo, Luís Pereira Velho de Moscoso, e com autorização do rei D. João VI, o palácio custou, pela moeda antiga, "400 contos". Possui, além da imponente construção, três jardins, um deles de Camélias, bosque e uma quinta com 17 hectares de vinha.

Os atuais proprietários desejam que aquele património possa ser vendido, a alguém que dê continuidade à sua história, seguindo um caminho de evolução.

"Era possível hoje em dia, em que sabemos que as coisas são diferentes, fazer um hotel de charme, por exemplo", afirma Emílio Magalhães, acionista maioritário da sociedade proprietária do palácio atualmente. Defende ainda que, com uma história e beleza únicas, a propriedade tem de ir parar às mãos certas.

"Tem havido procura. Há muitos interesses imobiliários, mas o palácio não está em situação de especulação. Já descartamos propostas. A aquisição tem de ser por pessoas que se apaixonem por este património", refere Emílio Magalhães, recordando que a anterior proprietária foi "muito assediada para vender o palácio, até por grandes grupos, Amorins, Sonae, pelo dono da Zara e pelo Comendador Berardo". "Nunca vendeu. Dizia que não era altura, mas dois anos antes de morrer, começou a pedir que o vendesse para eu não passar o que ela passou. O palácio é uma prisão. Só pensamos nisto", recorda.

O palácio da Brejoeira, tem a configuração de um L, e ostenta três torres. Para ser real teriam de ser quatro, mas na sua imponência "nada fica a dever aos palácios reais". Possui teatro, capela, jardim de inverno, junto à entrada, imponentes quartos e salões (do rei, de jantar e de fumar/de tomar chá), e biblioteca. Os seus candelabros, tapeçarias, pratas e loiças, mobiliário e azulejos, são luxuosos.

"Este palácio é um conto de fadas. Quando o pai de Dona Hermínia, o Comendador Francisco d' Oliveira Pais, lhe oferece a beleza deste património quando ela faz 18 anos, é uma coisa inédita. Há aqui qualquer coisa de extranatural", afirma Emílio Magalhães.

A propriedade foi classificada como Património Nacional em 1910, e abriu as suas portas ao público em 2011. Já foi visitado "por mais de 300 mil pessoas".

"As visitas guiadas duram 45 minutos. As pessoas adoram. O que mais ouvimos dos nossos visitantes é que no retrato do rei Dom João VI, este parece que os segue com os olhos e está ali a tomar conta do palácio", afirma Cláudia Fernandes, a relações públicas e guia do palácio.

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