Café Milenário é o último resistente dos cafés históricos de Guimarães

No Dia Europeu dos Cafés Históricos, a TSF revisitou o Café Milenário, em Guimarães, que está a caminho dos 70 anos e é hoje um dos lugares mais emblemáticos da cidade.

Lugar de leitura, convívio e tertúlias, o Café Milenário tem vista para o Largo do Toural e guarda memórias desde o tempo do antigo regime. Fechado pela pandemia, conta os dias para poder voltar a abrir as portas a uma clientela "fiel" que também viu interrompida uma "rotina diária".

Perpetuado no livro "Cafés Portugueses - Tertúlias e Tradição" e estampado num selo lançados pelos CTT, o Café Milenário foi inaugurado em novembro de 1953 e já faz parte da história da cidade.

O nome, conta Dulce Oliveira, atual proprietária e gerente, foi escolhido em honra da história milenar de Guimarães e a arquitetura e até o mobiliário ainda são os originais. "Já recebeu vários restauros ao nível de madeiras mas são as mesmas cadeiras onde os nossos avós se sentaram", afiança.

Há, no entanto, uma alteração feita logo nos primeiros anos. Onde está hoje uma parede de espelhos esconde-se um fresco, onde se retratava uma cena de caça, que foi censurado pela clientela. "Tinha os animais e os caçadores, nus. E há quase 60 anos aquela pintura de nus levou a que as senhoras se recusassem a entrar. Ainda tentaram fazer uma saia nas partes mais íntimas mas não resultou e então tiveram que eliminar a tal pintura que era bem bonita, por sinal", conta Dulce Oliveira.

Pelo Café Milenário já passaram várias gerações e alguns ilustres: "O Dr. Sá Carneiro, tenho registos dele, o Dr. Freitas do Amaral, que tinha aqui várias propriedades, e o cineasta Manoel de Oliveira que também não era difícil vê-lo aqui a almoçar", aponta Dulce.

Há um outro episódio, contado no livro "Guimarães - Daqui houve resistência" por César Machado, a marcar a história do Milenário. Foi na campanha de Américo Tomás nas eleições presidenciais de 1958 que disputou com Humberto Delgado. "No dia do comício de Américo Tomás no Teatro Jordão houve uma forte carga de pancadaria da polícia no Toural que varreu a eito gente da oposição e da situação. Quem pode enfiou-se no Café Milenário e a polícia entrou pelo café adentro à coronhada", relata César Machado.

Localizado no Largo do Toural, no coração da cidade vimaranense, o Café Milenário localiza-se junto à muralha com a inscrição: "Aqui Nasceu Portugal".

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