Centro Covid em Ermesinde tem máquina afinada quatro meses depois

Há quatro meses abriu, em Ermesinde, uma estrutura de retaguarda que pudesse acolher doentes Covid, que não tenham condições para regressar a casa após alta hospitalar. O arranque não foi pacífico. Faltava mão-de-obra e a que aparecia depressa desistia. Dia após dia, as equipas ganharam experiência no combate à pandemia.

Ariana Ribeiro é diretora técnica do centro Covid em Ermesinde. O Seminário do Bom Pastor, onde não falta silêncio nem jardins extensos, é a sua casa desde 26 de outubro. O primeiro dia desta estrutura de apoio. Quatro meses depois já há rotinas, espírito de equipa, e muito conhecimento adquirido. No início faltava tudo.

"Não foi fácil no início encontrar pessoas que estivessem dispostas a trabalhar por turnos, que tivessem experiência na área da geriatria, que tivessem cuidado com o equipamento de proteção individual, que conseguissem compreender as normas de funcionamento, as normas de higiene. É preciso muito cuidado."

Agora são só memórias. A equipa estabilizou com sete enfermeiros, uma enfermeira-chefe, uma médica, e cerca de duas dezenas de auxiliares. Islânia Carvalho é uma delas. Começou a trabalhar neste centro em novembro. Depois desta abriram mais duas estruturas de apoio no distrito do Porto. Uma em Paços de Ferreira, para casos positivos, outra no Porto para casos negativos.

"Não é uma área para todos. Eu acho que para estar aqui é preciso gostar muito do que se faz, senão não se consegue. Não é fácil, nem fisicamente nem emocionalmente."

Os passeios a pé são o escape para a carga emocional que acumula no dia-a-dia. "O mais difícil é não conseguir ajudá-los da forma que eles desejam. Quando choram, quando estão tristes porque as famílias não querem saber deles."

O centro Covid começou a funcionar em outubro, foi o primeiro do país. Recebe doentes que tiveram alta, mas não podem voltar para casa, por falta de suporte familiar ou por dificuldades económicas. Segurança Social, Proteção Civil e a ARS/Norte gerem as necessidades e Ariana Ribeiro diz que não tem corrido nada mal.

"Eu sei que pode parecer estranho dizer isto, mas apesar de serem três entidades muito diferentes, com objetivos e ocupações distintas, desde o dia 26 de outubro tudo tem corrido bem."

A capacidade de internamento vai sendo adaptada às necessidades. Neste momento estão preparadas 40 camas... mas pode chegar às cem... O entra e sai é constante.

"Temos pessoas de todas as idades. Dos 18 aos 100 anos. Isto não é uma doença que ataca só os idosos".
Maria Gorete Oliveira, 45 anos veio para este centro para proteger o filho, ainda menor. A casa onde habitam não tem condições físicas para ela permanecer isolada. "Tive de vir, só temos um quarto de banho e não quero expor o meu filho ao vírus".

Quatro meses depois da abertura deste centro, Marco Martins, o responsável distrital da proteção civil faz um balanço positivo, mas não antecipa o fecho. "Ainda é prematuro. Esta estrutura vai funcionar enquanto for necessária, enquanto houver esse entendimento por parte das autoridades."

Para Ariana Ribeiro, o último dia será o fim de uma etapa profissional que começou aqui. Assistente social de formação, a diretora técnica do centro Covid de Ermesinde diz que vai sentir-se dividida entre o alívio e a saudade.

Depois desta abriram mais duas estruturas de apoio no distrito do Porto. Uma em Paços de Ferreira, para casos positivos, outra no Porto para casos negativos.

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*Notícia atualizada às 10h30

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