CGTP sai à rua em oposição à maioria de Costa: "É a maior manifestação dos últimos dois anos"

O PCP e o Bloco de Esquerda avisam que as ruas são o novo palco para fazer frente à maioria absoluta do PS.

Depois da apresentação do Orçamento do Estado e do acordo com a concertação social, que deixou de fora a CGTP, milhares de manifestantes saíram à rua, em Lisboa, para pedirem o aumento imediato do salário mínimo e das pensões. A manifestação da CGTP foi "a maior dos últimos dois anos", de acordo com dados recolhidos pelo partido comunista.

Com tambores e palavras de ordem, sempre em tom elevado, os manifestantes tentaram propagar a mensagem até São Bento e a António Costa, em clara oposição ao Governo socialista, que tem a maioria absoluta no Parlamento. O PCP e o Bloco de Esquerda (BE), que se associaram à CGTP, avisam que as ruas são o novo palco para fazer frente ao Governo.

A central sindical exige "o aumento intercalar dos salários ainda este ano" e em 2023 pedem "que o aumento seja de dez por cento com um aumento intercalar dos salários", para que não sejam "os grandes grupos económicos" a beneficiar com a inflação. Isabel Camarinha diz que a situação atual "é já insustentável".

"Não falamos de luxo, falamos do básico que permita viver com dignidade, que permita a realização pessoal de cada um, dos seus filhos e famílias", afirmou a líder da CGTP, no discurso de encerramento da manifestação, que ligou o Cais do Sodré ao Rossio.

Isabel Camarinha deixou ainda uma mensagem, em jeito de aviso, ao Governo: "A luta vai continuar e aumentar nas ruas, em ações de convergência e unidade, porque o momento exige uma resposta a cada problema concreto, mas também uma resposta comum aos problemas que afetam todos".

"É possível, nas ruas, dizer ao Governo o que a Assembleia não pode dizer"

No Terreiro do Paço, a meio do percurso, já o PCP falava na maior manifestação "dos últimos dois anos", tanto em Lisboa como no Porto, e mostra "que os trabalhadores não aceitam a degradação dos salários e das pensões".

Francisco Lopes, membro do Comité Central, garantiu que o partido "não coloca de lado nenhuma forma de defender diretos dos trabalhadores", seja na Assembleia da República ou nas ruas do país, lembrando que a Constituição "é para ser cumprida".

"A Constituição existe e não é apenas para estar escrita. A Constituição existe para ser cumprida e todos temos o direito de estar aqui e em todo o lado. Não há nenhum poder do grande capital que pode colocar em causa a força poderosa dos trabalhadores para defenderem os seus direitos", atirou.

Falando em "emergência nacional", contra o "aumento do custo de vida e o ataque aos direitos", Mariana Mortágua, do BE, "espera que as mobilizações se multipliquem, sejam fortes e mostrem ao Governo que não podem dizer aos pensionistas que têm de empobrecer".

"O resultado da maioria absoluta vê-se agora na arrogância com que o Governo apresenta este Orçamento ao país, dizendo que ele é a única possibilidade possível. E, sim, é possível, nas ruas, dizer ao Governo o que a Assembleia, neste momento, não pode dizer por força do voto e da maioria absoluta", lamentou.

A deputada garante que "o país não tem que empobrecer, há alternativas e a primeira alternativa é atualizar salários e pensões à inflação", apelando ao Governo socialista que não empurre "o país para baixo e não o condene ao empobrecimento".

Notícia atualizada às 18h06

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