Chefes da equipa de urgência de cirurgia geral do Santa Maria apresentam demissão

Médicos explicam em carta que a escala "não é exequível" e denunciam a degradação do serviço "agravada recentemente". Conselho de Administração diz que ação é só uma ameaça.

Os dez chefes de equipa da urgência de cirurgia geral do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN) assinam, esta quarta-feira, uma carta em que apresentam a demissão devido à degradação das condições de trabalho do departamento, mas à TSF o Conselho de Administração garante que ninguém se demitiu e que decorrem, nesta altura, "conversas".

Na carta dirigida ao Diretor Clínico do CHULN, e a que a TSF teve acesso, os dez chefes de equipa escrevem que a degradação "nos últimos anos" da urgência cirúrgica foi "agravada recentemente" pela posição dos assistentes hospitalares do departamento, que "recusam ultrapassar, nas atuais condições de trabalho, mais do que as horas extraordinárias consideradas na Lei".

Os chefes garantem estar solidários com essa posição, mas consideram que a escala de urgência de Cirurgia Geral "não é exequível".

"Face ao exposto, os dez chefes de equipa, que constituem a totalidade, apresentam a sua demissão, em bloco, a partir do dia 22.11.2021, inclusive", escrevem no documento.

Administração quer negociar

O Conselho de Administração do Hospital garante que não houve qualquer demissão, mas sim uma ameaça de demissão, caso os médicos não obtenham resposta em tempo útil.

No comunicado lido pela TSF, o conselho confirma a receção da carta dos chefes de equipa e sublinha que o documento aponta "questões de organização interna e distribuição de serviço a serem resolvidas até 22 de novembro", a data apontada pelos médicos para a efetivação da demissão.

"O Conselho de Administração do CHULN mostra total abertura e empenho na melhoria das questões identificadas, tendo já agendado reuniões com os respetivos serviços para o início da próxima semana para lhes dar rápida resposta", garantem os responsáveis no mesmo comunicado.

As equipas mencionadas mantêm-se "em funções", assim como o serviço de urgência, que "continua a funcionar com toda a normalidade, cumprindo o seu
papel de unidade diferenciada de fim de linha".

Sindicato está solidário

"Hoje chegou ao nosso conhecimento uma carta de demissão da totalidade dos chefes de equipa de cirurgia do Hospital de Santa Maria", disse o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos, Jorge Roque da Cunha, citado pela agência Lusa, solidarizando-se com os médicos.

O dirigente sindical adiantou que "há vários meses" que os profissionais de saúde têm chamado a atenção para "a insuficiência das equipas, não só a nível do serviço de urgência como também no próprio serviço".

"É um quadro envelhecido" que se agravou nos últimos meses com a saída de profissionais que entretanto se reformaram e não têm conseguido contratar médicos, adiantou.

Notícia atualizada às 17h22

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