- Comentar
O grupo de cibercriminosos Ragnar Locker, que reivindicou um ataque informático à companhia aérea nacional no final de agosto, publicou esta segunda-feira 581 gigabytes (GB) de dados que afirma serem de 1,5 milhões de clientes da TAP.
Relacionados
TAP alerta clientes afetados pelo ciberataque para "risco de uso ilegítimo" de dados
Cibersegurança em Portugal ainda está "na pré-história"
"Há uma falta de talento gigante" para ajudar empresas e Governo a lidar com ataques informáticos
A notícia é avançada esta terça-feira pelo Expresso que adianta ainda que os Ragnar Locker garantem continuar a ter acesso aos sistemas informáticos da transportadora.
Entre os dados divulgados estão tabelas com moradas, números de telefone e nomes de clientes, além de documentos de identificação que podem ser de profissionais ou parceiros da TAP, mas também acordos confidenciais com várias empresas e relações com outras companhias de aviação. Segundo o semanário, a TAP não terá negociado o pagamento de um resgate que impedisse a publicação dos dados.
"A coisa mais interessante, é que eles [a TAP] ainda não resolveram as vulnerabilidades na própria rede e este tipo de incidentes pode acontecer outra vez. Por sinal, se alguém precisar de um acesso remoto à TAP Air [sic], avisem-nos", lê-se na mensagem que os Ragnar Locker publicaram na Dark Web e que o Expresso revela.
Num esclarecimento enviado à TSF, a companhia aérea nacional afirma que "graças aos sistemas de cibersegurança e à rápida atuação da equipa interna de Tecnologias da Informação (TI), a intrusão foi contida numa fase inicial, antes de provocar danos nos processos operacionais", garantindo que as operações da TAP estão a decorrer com normalidade".
Subscrever newsletter
Subscreva a nossa newsletter e tenha as notícias no seu e-mail todos os dias
"Infelizmente, alguns dados foram roubados pelos hackers e estão a ser divulgados publicamente. Os dados afetados podem incluir nomes, informações de contacto, informações demográficas e número de passageiro frequente. A informação afetada relativamente a cada cliente pode variar", refere a TAP, sublinhando que até ao momento, "não há indicação de que informações sensíveis, em particular dados de pagamento, tenham sido exfiltradas".
A companhia acrescenta ainda que continuará a tomar todas as medidas necessárias, mas nada diz sobre as alegações dos piratas informáticos de que continuam nos sistemas informáticos da TAP.
Esta intrusão visava causar danos à TAP e aos seus clientes. A segurança dos nossos clientes e parceiros comerciais e dos seus dados é a nossa maior prioridade. Continuaremos, por isso, a tomar todas as medidas necessárias para cuidar dos seus dados.
A fuga destes dados acontece dias depois de a TAP ter alertado os clientes afetados pelo ataque informático (reivindicado a 31 de agosto) de que a divulgação dos dados "pode aumentar o risco do seu uso ilegítimo", pedindo, por isso, atenção a comunicações suspeitas. Numa primeira fase, os piratas informáticos divulgaram dados alegadamente pertencentes a 115 mil clientes da companhia aérea, mas deixou a ameaça de que iria publicar mais.
No email enviado aos clientes, a transportadora recordava que tinha sido "recentemente vítima de um ciberataque, ato prontamente comunicado às diversas autoridades competentes, com as quais a TAP está a colaborar ativamente para a investigação do sucedido", reiterando que "foram desencadeadas as medidas e procedimentos apropriados de cibersegurança para este tipo de eventos com o apoio de uma empresa internacional especializada e líder da indústria" e que "as medidas adotadas permitiram garantir a integridade dos dados e a operacionalidade, em segurança, de todos os sistemas" da companhia.
No email', a companhia assegurava que "foram tomadas de imediato medidas de contenção e remediação para proteger os dados dos clientes", informando que "os 'hackers' publicaram as seguintes categorias de dados em relação a um número limitado de clientes, entre os quais se inclui: nome, nacionalidade, género, morada, email, contacto telefónico, data de registo de cliente e número de passageiro frequente".
"A divulgação de dados pessoais através de meios públicos pode aumentar o risco do seu uso ilegítimo, nomeadamente para obter outros dados que possam ser usados para comprometer sistemas informáticos com fins fraudulentos (phishing)", avisou a companhia.
Notícia atualizada às 10h30