Ucranianos autorizados a trabalhar. Comunidade venezuelana acusa Ordem dos Médicos de discriminação

A Ordem decidiu autorizar os médicos ucranianos a trabalharem em Portugal sem saberem a língua.

A comunidade venezuelana em Portugal considera que não pode haver leis diferentes para pessoas que têm as mesmas habilitações. Ressalvam que estão solidários com a Ucrânia mas apelidam de "injusta" esta abertura de exceção por parte da Ordem dos Médicos e do Estado português.

"A lei tem que ser para uns e para outros", afirma o presidente da Venexos, a Associação Civil de Venezuelanos em Lisboa. Christian Ohn admite que a Ucrânia está a passar por uma situação de guerra, mas "a Venezuela também esteve a ponto de uma guerra civil, teve muitos problemas a nível económico".

"Portugal precisou de muitos profissionais de saúde na pandemia e eles estavam a trabalhar nos Hubers ou nas obras", adianta. O responsável da Venexos garante que há médicos e outros profissionais de saúde venezuelanos ou luso-venezuelanos a conduzirem carros da Huber ou a fazerem limpezas em Portugal, por não verem reconhecidas as suas habilitações.

O presidente da Venexos não percebe também como é que a Ordem dos Médicos abre a possibilidade dos ucranianos trabalharem sem conhecerem a língua. "Não sabemos qual é a justiça de colocarem pessoas que nem falam a língua, porque pelo menos o espanhol percebe-se e muitos já falavam um português muito interessante!", garante.

Christian Ohn afirma que durante a pandemia, quando faltavam muitos médicos nos serviços de saúde portugueses, lembraram à Ordem dos Médicos que tinham gente com habilitações para trabalhar e ajudar nos hospitais Portugueses, mas nada foi feito. Muitos profissionais de saúde venezuelanos acabaram por ir para a Galiza." O governo da Galiza abriu uma legislação para os médicos poderem fazer uma prova extraordinária", conta.

"Em 10 dias começaram a trabalhar e nós perdemos bons médicos que podiam ter ficado aqui", lamenta. " Tinham documentação legal e tudo em ordem, só não tinham equivalência", confirma. Para terem equivalência aos cursos portugueses, os médicos venezuelanos passam por um longo processo burocrático que, para além de provas sobre a língua, prevê exames nas faculdades e na Ordem dos Médicos

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