"É fundamental a vacinação das crianças ou haverá pico inequívoco de casos no inverno"

Especialista do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto estimou que por cada descida de cinco graus nas temperaturas mínimas médias haverá um aumento de 30% nos casos.

O investigador Henrique de Barros defende a vacinação das crianças contra a Covid-19 para evitar outro pico de casos e para que no inverno a vida se possa aproximar do que era antes da pandemia.

O especialista do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, que falava durante a reunião de peritos que esta terça-feira decorre nas instalações do Infarmed, em Lisboa, disse que, sem a vacinação das crianças, que está em análise pela Direção-Geral da Saúde, "haverá um pico inequívoco de casos".

"Mesmo com pouco mais de 50% das pessoas verdadeiramente defendidas pela sua imunidade, podemos imaginar um inverno no qual a vida se pode aproximar do que a vida era antes e evitar problemas antes da pandemia. Por isso é fundamental a vacinação das crianças. Caso não sejam vacinadas, haverá pico inequívoco de casos", afirmou.

Sobre o que se pode esperar para o inverno, o especialista estimou que por cada descida de cinco graus nas temperaturas mínimas médias haverá um aumento de 30% nos casos, mas prevê poucos internamentos na vaga que venha a ocorrer nessa altura.

"Considerando o efeito do frio, dos casos que vão permanecer na população e o aumento de casos que possa surgir por introduções de infeção, assumindo que 70% população adulta tem o esquema de vacinação completo, podemos esperar uma nova onda, pequena", com pouco relevo nos internamentos e nas mortes, disse.

O especialista considerou que o objetivo para o inverno deve ser no sentido de ter "mais do que um [inverno] igual aos anteriores", pois "todos controlávamos muito mal as infeções respiratórias e as suas consequências nas pessoas mais velhas".

Henrique Barros sublinhou que a estratégia deve assentar na manutenção das medidas não farmacológicas (mascaras, distância e lavagem de mãos) e defendeu que a vigilância epidemiológica deve ser reestruturada, com maior atenção aos assintomáticos, ao que se passa nos lares - "a vacina não e 100% eficaz" - e especial cuidado com a gripe e as infeções sazonais, que "ficaram modificadas pela nossa mudança comportamental por causa da pandemia".

O especialista frisou ainda a necessidade de controlar fronteiras e de organizar consultas para responder ao que ficou designado como 'long covid', com sintomas da doença a permanecerem durante vários meses em muitos doentes e que pode colocar "uma grande sobrecarga" nos serviços de saúde.

"O próximo inverno não será o inverno do descontentamento, mas poderá ser um inverno feliz", concluiu.

LEIA AQUI TUDO SOBRE A PANDEMIA DE COVID-19

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