Enfermagem. Tempo para planear cuidados de saúde é escasso durante pandemia

Um estudo desenvolvido por investigadores do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS) conclui que 75% dos enfermeiros portugueses consideraram escasso o tempo para planear cuidados de saúde durante a pandemia.

O estudo tem como objetivo perceber o impacto da Covid-19 na enfermagem em contexto hospitalar, mas também contribuir para que as instituições melhorem o seu ambiente de trabalho. Nesse sentido, Olga Ribeiro, investigadora do centro do Porto, revela quais são as principais queixas apontadas pelos enfermeiros. "De 65% a 75% dos enfermeiros disseram-nos que têm poucas oportunidades para participar na definição das políticas internas neste contexto de pandemia, ou seja, têm pouca oportunidade de participar naquilo que foram as estratégias que as instituições definiram", explica.

Além disso, os resultados do estudo mostram que há um défice de enfermeiros especialistas e "há pouca valorização daquilo que é o contributo dos enfermeiros, bem como a falta de reconhecimento do que é a carga de trabalho que eles têm e a complexidade do seu trabalho", sublinha Olga Ribeiro.

De acordo com dados da investigação, os profissionais de enfermagem consideram ainda que as necessidades das pessoas vão além da Covid-19 e, por isso, é preciso criar condições para dar uma resposta adequada a todos os doentes. "Se houvessem mais enfermeiros e um menor número de doentes por enfermeiro, as instituições conseguiriam dar resposta a muitas mais necessidades", esclarece Olga Ribeiro.

Segundo a investigadora, os enfermeiros reconhecem, assim, que nem sempre foi possível prestar a devida assistência aos utentes e que "tendo menos tempo para os cuidados centrados em cada pessoa é provável que algumas necessidades tenham ficado por satisfazer".

No estudo, desenvolvido também por investigadores da Escola Superior de Enfermagem do Porto (ESEP) participaram 16 instituições hospitalares e 2.394 enfermeiros sendo que, destes, 63% prestaram assistência a doentes com Covid-19 nos últimos 20 meses. Os resultados obtidos vão, agora, ser comunicados a cada uma das instituições que participaram na investigação para que estas possam melhorar as suas práticas.

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