Entrudo Chocalheiro Património da Humanidade regressa às ruas de Podence

No regresso do formato habitual, a pequena aldeia do distrito de Bragança recebeu milhares de visitantes durante o fim de semana, mas a festa dos caretos só termina esta terça-feira de Carnaval.

Desde sábado que as ruas da pequena aldeia de Podence, no concelho de Macedo de Cavaleiros, com pouco mais de 200 habitantes, voltam a ter o colorido e as correrias dos caretos com o regresso do tradicional Entrudo Chocalheiro, elevado, há dois anos, a Património Cultural Imaterial da Humanidade.

Em 2021, a pandemia obrigou os Caretos de Podence a ficaram às janelas e varandas da aldeia para assinalar o Entrudo.

Este ano, está de regresso o formato presencial do carnaval "mais genuíno de Portugal", como reclama aquela aldeia do distrito de Bragança. Durante quatro dias são esperados milhares de visitantes. "O ano passado foi atípico com os caretos à varanda e agora estamos de volta com grande orgulho e uma grande alegria, e logo no primeiro dia já foi uma grande enchente com muito entusiasmo de pessoas que vêm de Norte a Sul do País e até da vizinha Espanha. É sinal que esta festa de Podence já é de facto uma marca identitária de Portugal", afirma o presidente da Associação dos Caretos de Podence, António Carneiro.

E os habitantes de Podence abrem os baixos das suas casas transformando-os numa espécie de tabernas para que os milhares de visitantes possam degustar a gastronomia transmontana e outros aproveitam para vender o artesanato.

É o caso de Filipe Costa. "Parece que todos estavam com vontade de uma festinha e nota-se que as pessoas andam animadas e temos tido uma enchente de pessoas a comprar contrastar com o ano passado que foi uma tristeza. Pelo menos no Carnaval tiramos a barriga de misérias", conta.

A tradição

Durante quatro dias, os caretos andam à solta, a chocalhar as mulheres com os chocalhos que trazem à cintura dos coloridos fatos, amparados por paus para as tropelias e disfarçados com as típicas máscaras de ferro. Filipe tem 48 anos, já foi emigrante, há seis anos que se veste de careto, uma tradição que já vem de família. "O meu avô é da aldeia, o meu pai também nasceu aqui em Podence e eu claro que também quis continuar e é um orgulho manter esta tradição. Já estávamos com saudades disto", refere.

E para garantir a preservação desta tradição, nada melhor do que incentivar os mais novos a vestir o traje dos caretos. Já são conhecidos como os "facanitos". Lara e Miguel, ambos com 11 anos de idade, já se envolvem na festa. "Vamos chocalhar as mulheres e dar com o carapuço aos homens e andamos à volta do careto grande que vai ser queimado na terça. É muito bonito", afirmam.

Os visitantes vêm de todo o lado, como é o caso de José e Beatriz, um casal de Santiago de Compostela, na vizinha Espanha. "É a primeira vez que decidimos vir porque é uma festa popular e quisemos vir conhecer. É diferente e bonito", contam.

Um outro casal da Maia, acabadinhos de chegar, contam que estavam curiosos para viver as emoções de uma festa que "só conhecemos de ver na televisão", afirmam.

O presidente da Associação dos Caretos de Podence não tem dúvidas que esta festa é uma valia em termos económicos para toda a região transmontana. "As unidades hoteleiras nos concelhos de Macedo de Cavaleiros, Mirandela e Bragança estão lotadas, pelo que em termos de dinâmica comercial giram aqui milhares de euros, o que nesta altura do campeonato é uma mais-valia para todos", diz.

António Carneiro recorda que o Entrudo Chocalheiro de 2020 teve um "mar de gente" na pequena aldeia, a que se juntou o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que "prometeu regressar durante este mandato "

Este ano, não há concertos, como era habitual no programa das festas, mas há caminhadas, passeios de bicicleta todo-o-terreno num território que é Geoparque, passeios de barco na albufeira do Azibo, animação de rua, exposições, mercado tradicional e as experiências de ser careto e pintar a própria máscara, entre outras atividades.

A festa termina esta terça-feira de Carnaval com a queima do entrudo. "Um boneco gigante que simboliza queimar aquilo que é de velho e aquilo que é de mau."

Ainda está a tempo de visitar Podence e ser chocalhado pelos caretos.

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