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Os habitantes de Carnide querem de volta a esquadra local da PSP, que encerrou há mais de um ano. As obras de requalificação prometidas não recomeçaram e a junta de freguesia queixa-se de falta de resposta por parte do Ministério da Administração Interna e da Câmara Municipal.
A esquadra de Carnide funciona num edifício residencial, e ocupava dois andares, mas, entre as letras P-S-P, o S já desapareceu. Um conjunto de grades protege aquele que é agora um edifício abandonado há quase um ano e meio. Fábio Sousa, presidente da junta de freguesia de Carnide, conta à TSF que "as pessoas sentem verdadeiramente algum abandono porque existe um grupo de compromissos por parte de algumas entidades que não está a ser cumprido".
"A PSP fazia um trabalho muito importante de proximidade às pessoas e de segurança, de salvaguarda deste bem tão essencial." Fábio Sousa garante que, neste momento, há um maior "sentimento de abandono e de insegurança", e que os agentes de autoridade também se insurgem contra a extinção de uma esquadra que estava "extremamente bem localizada". Era até "estratégica, por se encontrar na zona central da freguesia", complementa.
A PSP de Carnide encontra-se no centro histórico da freguesia, junto à Casa do Artista. Trata-se de uma localidade com 20 mil residentes, muitos dos quais idosos, mas também uma movimentação acentuada de pessoas, com entradas e saídas para o metro e o Centro Comercial Colombo a incrementarem o fluxo.
A atividade de policiamento é "muito mais difícil do que era anteriormente", considera o presidente da junta. A esquadra tinha também um gabinete de apoio à vítima, para casos de violência doméstica ou acompanhamento de crianças, além de "umas instalações bastante generosas do ponto de vista da sua área". As esquadras mais próximas não têm estas valências, lembra Fábio Sousa.
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O efetivo de mais de 70 polícias - "que nos dá a ideia da sua importância, do ponto de vista estratégico" - foi canalizado para outras esquadras fora da freguesia, e sente-se "uma perda gigante deste acompanhamento, que era próximo, individualizado e até alvo de exemplo".
A junta de freguesia tem insistido junto do MAI e da Câmara de Lisboa, que havia prometido requalificar a esquadra. Mas sem resposta. Fábio Sousa lamenta que nem o ministro Eduardo Cabrita nem o autarca Fernando Medina tenham aceitado recebê-lo, ao longo de um ano e meio, desde outubro de 2019. "Estamos com ainda mais dinâmica para começar a lutar. Esta é uma ambição e necessidade que a população sente."
Cansados de esperar, 4500 habitantes de Carnide assinaram uma petição para exigir a reabertura da esquadra.
A PSP defende que as patrulhas móveis garantem a segurança, mas António Ribeiro, da Associação de Moradores do Bairro Novo de Carnide e da Quinta do Bom Nome e também um dos signatários da petição, assegura que a segurança é afetada. "Com a proximidade daqui da esquadra, era bastante mais aprazível ter aqui os agentes a circular a pé. Era totalmente diferente de vê-los muito raramente a passar de carro."
A proximidade dava "mais segurança", pelo que fechar esquadras "não faz muito sentido", argumenta António Ribeiro. "Assim fecharíamos as esquadras todas e teríamos os polícias todos na rua. É importante preservar a esquadra aberta, vai trazer-nos muito mais segurança e vivemos mais felizes", sustenta.
Ouça as declarações de António Ribeiro.
A esquadra da PSP foi encerrada a 16 de outubro de 2019, na sequência de um relatório da delegada de saúde, que apontava para a falta de condições de higiene e de saneamento.
Na altura, a PSP entregou a chave à Câmara de Lisboa para obras de requalificação.
Contactada pela TSF, a autarquia revela que contactou a PSP para saber qual a intenção da polícia em relação à esquadra de Carnide, e a polícia respondeu que não está interessada em reabri-la .