"Estamos sobre um barril de pólvora, a educação tem sido esquecida pelos políticos"

Antigo secretário de Estado do Ensino Básico e Secundário realça a educação nos primeiros anos de vida, a falta de professores e a literacia digital como questões fundamentais a resolver.

No Dia Internacional da Educação e com a campanha eleitoral a aproximar-se da reta final, Joaquim Azevedo, antigo secretário de Estado do Ensino Básico e Secundário, lamenta que os políticos não deem prioridade a este tema.

O Professor Catedrático da Universidade Católica Portuguesa lamenta que os programas sejam muito vagos, sem propostas concretas. Joaquim Azevedo aponta três temas que considera fundamentais: "A educação nos primeiros anos de vida, temos tido políticas poucos consistentes e pouco ousadas em particular dos zero aos seis anos. Aqui é onde se manifestam de forma clara as desigualdades e é aqui que pode combater-se as desigualdades que existem e que são muito profundas na sociedade portuguesa. Depois vem a questão dos professores, há já falta de docentes em certas disciplinas e é preciso políticas mais ousadas e claras neste domínio, que tem sido esquecido nas prioridades políticas. É importante perceber o que se propõe, quais as medidas, num tempo em que continuam a aceder à formação inicial de professores candidatos jovens com as mais baixas médias de acesso ao ensino superior. Estamos sobre um barril de pólvora e não se percebe o que propõem as diferentes propostas políticas. A literacia digital é outra grande questão, metemos na cabeça que são nativos digitais e sabem usar as novas ferramentas, mas não é verdade."

Joaquim Azevedo lamenta que estas questões estejam ausentes da agenda dos partidos que concorrem às legislativas: "Só ouvimos propostas vagas, estas prioridades estão muito pouco presentes."

A questão do abandono escolar "também é um problema, afeta cerca de 9% dos jovens e esta também é uma realidade no ensino superior. O que pede medidas de caráter social e políticas educativas de flexibilidade de percursos", defende o antigo secretário de estado.

Nesta segunda-feira em que se celebra o Dia Internacional da Educação, Joaquim Azevedo afirma que "a falta de professores é grave e vai aprofundar-se ao longo desta década, assim como o desgaste e o cansaço da classe docente, que se encontra num momento muito difícil e precisa de uma atenção muito grande, porque são eles que lideram a educação dos nossos filhos na escola. É muito importante ter professores disponíveis para fazer de cada aula um momento educativo fascinante, que motive, prenda e eleve os nossos alunos. E é aqui quer tudo se joga, esta falta de atenção preocupa-me muito".

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