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Ex-chefes de Estado-Maior assinaram uma carta a contestar processo de reforma das Forças Armadas. Entre o "Grupo dos 28" consta o nome do ex-Presidente da República general Ramalho Eanes. As propostas do Governo que alteram a Lei de Defesa Nacional e a Lei Orgânica das Forças Armadas, aprovadas em Conselho de Ministros no dia 8 de abril, centralizam competências no chefe do CEMGFA.
Para António Lima Coelho, presidente da Associação Nacional de Sargentos, as críticas do grupo dos 28 surgem tarde, mas podem ajudar a promover o debate sobre o futuro das Forças Armadas. "Este posicionamento de tantos ex-chefes militares, do meu ponto de vista, além de pecar um pouco por tardio, porque nós há muito dizemos que a Comissão Liquidatária das Forças Armadas se instalou já há muitos anos... Iria redundar nos problemas que hoje se vivem no seio das Forças Armadas..."

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O presidente da Associação Nacional de Sargentos sustenta que, apesar de estas tomadas de posição pecarem por tardias, espera que sirvam para discutir a reforma nas Forças Armadas.
O presidente da Associação Nacional de Sargentos posiciona-se mesmo, em declarações à TSF: "Finalmente parece que muitos dos chefes que tiveram parte ativa nesses processos agora acordaram, porque houve posições do ministro que incomodaram."
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Ouça as declarações de António Lima Coelho.
António Lima Coelho não esconde que esta "é uma preocupação que deve atingir todos os portugueses", e explica: "O importante é discutir o que é que queremos fazer, que Forças Armadas é que queremos para Portugal, e essa discussão é que nunca se fez. Espero que este sobressalto ajude a perceber que isso é o que tem de ser feito."

Lima Coelho, da Associação Nacional de Sargentos
© Gerardo Santos/Global Imagens
Lima Coelho considera que as críticas feitas pelo grupo dos 28 são eventualmente justas, e comenta que a atitude do Governo tem de mudar, com maior abertura ao diálogo. "O senhor ministro da Defesa terá a atitude que ele quiser ter", começa por dizer.
O que deve mudar é da parte do Governo - "na procura e na efetivação de diálogo e de participação de todos aqueles que têm uma palavra a dizer sobre as matérias" - e não do ministro, assevera António Lima Coelho. "A falta de diálogo e de procura de consensos nunca são boas numa sociedade democrática."
Ainda esta semana, como a TSF avançou, outro grupo de oficiais, ligados ao grupo de reflexão estratégica independente, tinha enviado uma carta contestando a proposta do ministro da Defesa, João Gomes Cravinho.

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