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A greve dos professores encerrou 90% das escolas no distrito de Bragança esta sexta-feira. O número é avançado pelo representante da plataforma que inclui oito organizações sindicais.
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"Só alguns professores que estão em avaliação, estão a ser observados e têm de ter estas aulas, de resto temos indicação que cerca de 90 por cento das escolas do distrito estão fechadas", afirma Carlos Silvestre.
Em Mirandela, no maior agrupamento de escolas do distrito de Bragança com mais de dois mil alunos, a adesão à greve nacional por distritos, no distrito de Bragança, foi muito elevada com o encerramento de todas as escolas do primeiro e segundo ciclo, ficando apenas uma atividade letiva residual na escola secundária.

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Depois de uma concentração junto à escola sede do agrupamento, cerca de duas centenas de professores, auxiliares de ação educativa, alguns pais e até alunos percorreram a pé, numa marcha silenciosa, o percurso até à Câmara Municipal.
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Juntos para cá do Marâo, lutamos pela educação. Exigimos respeito. A mensagem estava escrita num enorme cartaz que vários professores seguravam à frente da marcha.
À lista das reivindicações dos professores já sobejamente conhecidas, as recentes negociações com o Ministro da Educação vieram acrescentar outras preocupações, como a proposta de divisão de quadro de zonas pedagógicas. Implica que um professor de quadro de agrupamento se não tiver o seu horário completo que possa ir leccionar para outro mais próximo, no caso de Mirandela, um professor poderá dividir-se entre leccionar em Valpaços ou Murça, mas isto é penalizador para os professores do ponto de vista salarial, com deslocações que não vai ter apoio para isso e do ponto de vista da sua organização de trabalho", explica Ana Paula Tomé, do Sindicato dos Professores do Norte, afeto à Fenprof.
Também a proposta do titular da pasta da educação apresentada para os professores contratados é desvalorizada pela dirigente sindical. "Um professor contratado pode ter até quase vinte e tal anos de serviço e agora a proposta é que o professor pode vir a ser contratado com 1095 dias sucessivos e no último ano de concurso tem de estar a exercer funções com horário completo, mas muitas pessoas por uma hora não têm horário completo, por exemplo na nossa região são colocados muitos professores contratados mas dificilmente têm horários completos, pelo que a proposta também não é assim tão favorável quando o senhor Ministro fez passar para a população de que com três anos as pessoas tinham um vínculo, o que não é assim tão linear", acrescenta.
Gabriela Lomba, mãe de cinco filhos, também marcou presença na marcha silenciosa, solidária com as reivindicações dos professores. "Como tenho alguns filhos que já estão no ensino superior, permite-me fazer um termo de comparação com os que ainda estão no ensino secundário e que realmente esta constante mudança de políticas educativas tem vindo a diminuir a qualidade da escola pública e por isso estou solidária com a luta dos professores", diz.
O silêncio desta marcha a exigir respeito pelos professores só foi quebrado na chegada à câmara de Mirandela quando foi pedida uma salva de palmas pela defesa da escola pública em Portugal