Há menos chumbos no secundário mas mais desigualdades entre estudantes

A taxa de retenção e desistência no ensino secundário chegou ao valor mais baixo dos últimos dez anos. Contudo, os impactos da pandemia agravaram as desigualdades, com mais alunos a beneficiarem da ação social escolar.

Há cada vez menos alunos a chumbar e a desistir no ensino secundário. A taxa de retenção e desistência chegou mesmo ao valor mais baixo dos últimos dez anos, fixando-se nos 8,3%, mas os impactos da Covid-19 vieram acentuar e agravar as desigualdades entre os estudantes.

Aumentou o número de alunos e famílias a precisarem de ajuda e os que já eram vulneráveis ficaram ainda mais frágeis. Assim, no ano letivo 2020/2021, o relatório "Estado da Educação" nota uma subida da percentagem de alunos com ação social escolar: mais 4,6 pontos percentuais, com destaque para o 2º ciclo do ensino básico e para a região do Tâmega e Sousa, onde mais de 54% dos alunos precisaram deste apoio.

"Em matéria de equidade, inclusão e igualdade de oportunidades, assinalam-se a maior visibilidade e o agravamento das desigualdades devido ao impacto da pandemia de COVID-19, que deixou os mais vulneráveis em situações ainda mais frágeis, atingindo mais alunos e famílias. Em 2021, a situação do país relativamente ao ODS 1- Erradicar a pobreza revelou melhorias face a 2016, apesar de um aumento das taxas de pobreza, em comparação com o ano anterior, o que tornou mais premente a implementação de respostas concertadas para mitigar essas desigualdades", refere-se no relatório.

Em alta está também o número de estudantes com bolsa no ensino superior. Foram 60.709, o número mais elevado dos últimos dez anos.

Os que têm mais de 65 anos e participam em academias seniores ou universidades da 3.ª idade não escaparam ao efeito da Covid-19, uma vez que terão ficado mais isolados devido à pandemia.

"A incerteza dos dados disponíveis revela a fragilidade a que os seniores estão sujeitos, justificável à luz do risco de exclusão digital. Se em Portugal quase metade dos adultos entre os 25 e os 64 anos não tem competências digitais ou tem-nas de forma muito elementar, não sendo por isso assíduos no uso da Internet, pior será a situação deste público com mais de 65 anos", pode ler-se.

Já no que toca aos resultados escolares, as provas de aferição mostraram um "desempenho inferior e mais modesto" nas perguntas mais complicadas, mas a percentagem de alunos que chumbou ou desistiu, no secundário, foi a mais baixa dos últimos 10 anos (8,3%), o que significa que há cada vez mais alunos a concluírem esta etapa.

No básico, a tendência dos últimos anos confirmou-se no passado ano letivo: há cada vez menos matrículas, ou seja, cada vez menos crianças.

"No ensino básico, a tendência decrescente que se vinha a notar no número de matrículas confirmou-se em 2020/2021. Neste ano letivo, a maioria dos alunos estava inscrita no ensino básico geral (98,4%), sendo residual a percentagem dos que frequentavam outras ofertas."

Consulte aqui o relatório "Estado da Educação 2021" na íntegra

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