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O Serviço Nacional de Saúde (SNS) criou consultas de acompanhamento para as crianças e jovens que chegam a Portugal, fugidas da guerra na Ucrânia. O serviço arranca na segunda-feira, dia 21 de março, e terá lugar no Hospital de Dona Estefânia, anunciou o Ministério da Saúde.
Numa nota enviada, este sábado, à comunicação social, o Ministério da Saúde explica que a consulta terá como objetivo "acolher, focando a perspetiva sanitária, crianças e jovens oriundas da Ucrânia requerentes de proteção temporária em Portugal". Os utentes serão referenciados através de uma linha de atendimento e será feita a triagem para o agendamento da consulta. "A triagem realiza-se no período da manhã e as consultas são agendadas para a tarde do mesmo dia", detalha a tutela.
"Após uma primeira observação clínica, os utentes de origem ucraniana são encaminhados para tratamento ou consultas de seguimento específicos, de acordo com as suas necessidades", acrescenta o Ministério da Saúde.
O serviço estará disponível todos os dias de segunda a sexta, estando garantida a tradução para a língua ucraniana.
Em declarações à TSF, Gonçalo Cordeiro Ferreira, coordenador do serviço, explica que há três objetivos nestas consultas. O primeiro é uma consulta de cuidados de saúde infantil.
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"Bebés, que tinham consultas programadas lá, e chegam cá, não têm ainda médico de família atribuído, têm de mudar a alimentação, estão num país diferente, com hábitos culturais diferentes,... [As mães] não sabem o que hão de fazer e aí nós podemos ajudá-los. Inclusivamente, associar isso à vacinação, (...) é muito importante até porque o programa de vacinação da Ucrânia é diferente do português, não é tão completo e há muitas doenças que podem acontecer nestas condições péssimas, em que os refugiados estão aglomerados", nota o médico.
"Esta consulta só durará até os cuidados de saúde primários tomarem conta destas crianças, através do processo normal de integração com médico de família", acrescenta.
Gonçalo Cordeiro Ferreira explica a necessidade dos serviços materno-infantis
O segundo objetivo passa por dar resposta a crianças com problemas agudos, que, "em vez de se perderem no sistema de urgências", têm neste serviço "um sítio onde podem ser observadas".
Finalmente, o terceiro objetivo, é cuidar das crianças que têm doenças crónicas e que, com a saída da Ucrânia, perderam acesso aos tratamentos. "Isso exige uma resposta imediata, essas crianças preocupam-nos imenso - por exemplo, um diabético não pode ficar sem insulina", aponta.
Crianças com probelmas agudos e doenças crónicas são uma das maiores preocupações
O trabalho será todo feito de forma voluntária e procurando que seja o mais simples possível. "Não queremos criar entraves burocráticos", garante.
Os cidadãos vindos da Ucrânia que chegam a Portugal ao abrigo do requerimento de proteção temporária recebem automaticamente um número de utente que dá acesso ao SNS nas mesmas condições que os cidadãos portugueses, podendo receber "cuidados no âmbito dos programas de saúde materno-infantil, atualização das vacinas segundo o Plano Nacional de Vacinação, agendamento de vacinação para COVID-19, cuidados hospitalares", entre outros.
Serviço será "o menos burocrático possível"
A Rússia lançou, a 24 de fevereiro, uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 816 mortos e 1.333 feridos entre a população civil, incluindo mais de 130 crianças, e provocou a fuga de cerca de 5,2 milhões de pessoas, entre as quais mais de 3,2 milhões para os países vizinhos, indicam os mais recentes dados da ONU.
Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
Notícia atualizada às 14h21
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