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Com a ligação fluvial entre o Seixal e Lisboa suspensa a partir desta segunda-feira, os utentes do transporte queixam-se da solução encontrada pela Transtejo.
A empresa garante o transporte de autocarro até Cacilhas mas Marco Sargento, porta-voz dos Utentes dos Transportes Públicos da Margem Sul do Tejo, afirma que a opção "causa grandes transtornos para os utentes", porque acrescenta pelo menos 40 minutos ao percurso dos passageiros para cada lado.
"Tínhamos na ligação Seixal-Lisboa 20 minutos. Temos agora um percurso que passa facilmente dos 60 minutos. Não é necessário grande trânsito, um acidente ou outro. É apenas o percurso rodoviário que tem este impacto", explica.
Em declarações à TSF, Marco Sargento queixa-se também de falta de informação por parte da Transtejo, sobretudo em relação às regras sanitárias nas horas de mais procura, lembrando que passam cerca de 2500 pessoas por dia na estação do Seixal.
"Teremos um autocarro para servir as 500 ou 600 pessoas que vão no barco? Temos dez autocarros? A distância de segurança é garantida? Os autocarros são em número suficiente para garantir aquela ocupação de dois terços? Há aqui muitas questões que não são respondidas e isto deixa-nos bastante preocupados", afirma.
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A preocupação está a levar os utentes a ponderar voltar ao carro individual "para quem tem essa possibilidade".
Marco Sargento revela também que há passageiros "a dizer que têm de sair de casa duas horas mais cedo, com impactos no transporte dos filhos para a escola, com impactos grandes na vida das pessoas durante um mês e meio, se for mesmo esse o prazo de conclusão da obra".
A porta-voz da Transtejo lamenta os problemas que as obras vão causar mas sublinha que "a intervenção tem de ser concluída e visa garantir a continuidade, a melhoria da prestação do serviço público de transporte fluvial de passageiros".
À TSF, Margarida Perdigão garante que "não é possível criar outra alternativa que permita embarcar e desembarcar nos passageiros no terminal fluvial do Seixal", uma vez que as obras vão alterar o atual pontão estação fluvial do Seixal.
A alternativa é apanhar um autocarro, assegurado pela Transtejo, que durante os dias úteis, vai estar disponível das 6h às 23h30, com uma frequência de 20 a 20 minutos, enquanto aos sábados será operado entre as 7h e as 22h e aos domingos e feriados entre as 8h e as 22h, ambos com uma frequência de 60 minutos.
Para já não está previsto o aumento do número de navios em Cacilhas.
Em resposta aos receios dos utentes relativamente ao cumprimento das regras de segurança, Margarida Perdigão explica que a oferta de transporte em modo rodoviário foi estudada de acordo com a atual procura na ligação fluvial Seixal-Cais do Sodré, sendo que "será respeitada, naturalmente, a lotação dos mesmos".
A Transtejo pretende monitorizar o serviço e "caso haja necessidade, reformulá-lo", para que as normas de seguranças emitidas no âmbito da pandemia Covid-19 sejam respeitadas.
As obras começam esta segunda-feira, vão durar 45 dias e estão relacionadas com uma dragagem e com a alteração do pontão do Seixal.
"Essa dragagem iniciou-se a 1 de setembro, está praticamente concluída e só terminados os trabalhos da dragagem é que será possível no dia 26 de outubro iniciar novos trabalhos, que levarão à retirada do atual pontão, colocação de estacas e instalação de um novo pontão", explicou Margarida Perdigão.
A porta-voz da Transtejo acrescenta que o pontão de embarque e desembarque de passageiros "está prestes a atingir o seu ciclo de vida", já que é o único pontão que não dispõe ainda de um sistema de estacarias.
Além das obras para a instalação de estacas, a intervenção vai ainda permitir a atracagem dos futuros navios elétricos.
Governo vai analisar cais de acostagem provisório
O chefe de gabinete do ministro do Ambiente e da Ação Climática recebeu, esta manhã, o autarca do Seixal e garantiu que irá avaliar a possibilidade de ser criado um cais de acostagem provisório, durante as obras.
"O chefe de gabinete do sr. ministro transmitiu-me, a mim, ao presidente da junta de freguesia e a um representante da comissão de utentes, que iriam avaliar a questão", disse à TSF o presidente da Câmara Municipal do Seixal, Joaquim Santos.
"Há essa possibilidade e, havendo vontade política, concretizar-se-á e retomaremos a normalidade no cais do Seixal", declarou o autarca, que se mostra preocupado com "o transtorno à vida das pessoas" causado por estas obras e também com os efeitos da alternativa rodoviária oferecida pela Transtejo na propagação do novo coronavírus, porque "quantas mais pessoas estiverem num espaço fechado, maior será o risco de contágio".
Notícia atualizada às 11h00