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Mais de 21.500 suspeitas de reações adversas às vacinas contra a Covid-19 foram registadas em Portugal até final do ano passado e houve 116 casos de morte comunicados em idosos, sem que esteja demonstrada a relação causa-efeito, segundo o Infarmed.
De acordo com o último relatório a Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, até ao dia 31 de dezembro foram notificadas 21.595 reações adversas (uma por cada mil vacinas administradas), 6939 das quais consideradas graves, mas o Infarmed insiste que "as reações adversas às vacinas contra a Covid-19 são pouco frequentes, com cerca de um caso em mil inoculações", um valor que se tem mantido estável ao longo do tempo.
A maior parte das reações adversas (10.993) são referentes à vacina da Pfizer/BioNtech (Comirnaty), seguindo-se a da AstraZeneca (Vaxzevria), com 6166, a da Moderna (Spikevax), com 2440, e a da Janssen, com 1878 casos.
O Infarmed sublinha, contudo, que estes dados "não permitem a comparação dos perfis de segurança entre vacinas", uma vez que foram utilizadas em subgrupos populacionais distintos (idade, género, perfil de saúde, entre outros) e "em períodos e contextos epidemiológicos distintos".
No total de 19.648.216 doses administradas, o Infarmed registou 21.595 casos de reações adversas, das quais 6939 graves (32%), entre elas 116 casos de morte entre pessoas com uma média de 77 anos de idade.
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"Os casos de morte ocorreram num grupo de indivíduos com uma mediana de idades de 77 anos e não pressupõem necessariamente a existência de uma relação causal entre cada óbito e a vacina administrada, decorrendo também dentro dos padrões normais de morbilidade e mortalidade da população portuguesa", escreve o Infarmed.
O relatório acrescenta ainda que, dos casos de reações adversas classificados como graves, "cerca de 85% dizem respeito a situações de incapacidade temporária (incluindo o absentismo laboral)".
Das reações adversas graves, o relatório diz que 4172 (19,3%) foram classificadas como clinicamente importantes, 1698 (7,9%) provocaram alguma incapacidade, 742 (3,4%) precisaram de hospitalização, 208 (1%) representaram risco de vida e 116 (0,5%) resultaram em morte.
Por grupo etário, o que mais casos de efeitos adversos graves registou foi o dos 25 aos 49 anos (3217 casos), aquele que teve também o maior número de vacinas administradas (5.981.217).
No relatório, a Autoridade do Medicamento dá conta de seis caso notificados em crianças dos cinco aos 11 anos, que incluem "arrepios, dor no local de vacinação, mal-estar geral, pirexia, petéquias e um caso de miocardite, sendo que este último ocorreu em criança de dez anos com evolução clínica de cura".
Para a faixa etária dos 12-17 anos, foram registados 97 casos graves, na sua maioria referentes a situações "já descritas na informação das vacinas", tais como casos de síncope ou pré-síncope reações de tipo alérgico, que dependem do perfil individual do vacinado.
"São casos que motivaram observação e/ou tratamento clínico, mas todos tiveram evolução positiva e sem sequelas", refere o Infarmed, sublinhando que 13 destes casos foram notificados como mio/pericardite, "possivelmente associados à vacina de mRNA em utilização no programa de vacinação atual", que se mostraram "de gravidade moderada" e apresentaram "evolução favorável após tratamento adequado".
"De salientar que a miocardite e a pericardite são doenças inflamatórias de etiologia variada, normalmente associadas, sobretudo nesta faixa etária, a infeções virais, o que dificulta o estabelecimento de uma relação causal com a vacina", insiste o Infarmed.
No que se refere à distribuição por género, o relatório do Infarmed dá conta de uma maior preponderância de notificação de reações adversas por parte do género feminino, a tendência normal de notificação para qualquer outro medicamento.
"Pensa-se que isto possa dever-se a uma maior atenção das mulheres à sua saúde, bem como ao seu maior interesse por temáticas da área da saúde e bem-estar", diz a autoridade do medicamento.
As 10 reações mais notificadas referem-se a casos de pirexia/febre (4874), cefaleia/dor de cabeça (4810), mialgia (dor muscular (4463), dor no local da injeção (4011), fadiga (2419), calafrios (2062), náusea (1770) e dor generalizada (1538).
Foram ainda registados casos de artralgia/dor articular (1502), tonturas (1258), mal estar geral (1236), dor nas extremidades corporais (1224), linfadenopatia/aumento de volume dos gânglios linfáticos (971), astenia/fraqueza orgânica (921) e vómitos (908).
"Na maioria dos casos, o desconforto causado por estas reações resolve em poucas horas ou dias, sem necessidade de intervenção médica, e sem sequelas", refere o relatório, que acrescenta que foi recebido "um número pouco significativo de notificações de casos identificados como relacionados com a vacinação com a dose de reforço" e que as mais notificadas foram a mialgia/dor muscular (38 casos), pirexia/febre (29), cefaleia/dor de cabeça (28), calafrios (24) e artralgia/dor articular (19).