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As farmácias estão esta sexta-feira a registar um pico de procura de testes ao coronavírus, segundo a Associação Nacional de Farmácias (ANF), que atribui esta situação às restrições para sair ou entrar na Área Metropolitana de Lisboa.
O Conselho de Ministros decidiu na quinta-feira manter a proibição no fim de semana de circulação para dentro ou para fora da Área Metropolitana de Lisboa, onde se regista o maior número de casos de infeções, mas quem tenha um certificado digital ou um teste negativo com resultado laboratorial pode circula.
"É natural que hoje, por ser o primeiro dia em que o teste pode ser exigido para efeitos de circulação, se registe um pico de procura, que não foi prevista nem antecipada pelos próprios cidadãos", disse à agência Lusa Duarte Santos, da direção da ANF.
Por isso, registam-se filas de espera nalgumas farmácias, mas "a situação deverá voltar ao normal nos próximos dias", referiu.
Segundo Duarte Santos, a procura de testes tem vindo a aumentar, assim como o número de farmácias com o serviço disponível.
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Neste momento, há 113 farmácias em Lisboa a fazer testes diariamente, disse o responsável, salientando que estas têm alargado horários e dedicado cada vez mais profissionais a este serviço.
"A rede de farmácias está sempre pronta a aumentar a sua capacidade de resposta para resolver as necessidades em Saúde Pública", salientou.
Em declarações à TSF, a presidente da Associação Nacional das Farmácias, Ema Paulino, sublinha um aumento da procura muito significativo nas últimas 24 horas. Só ontem no concelho de Lisboa foram feitos mais de cinco mil testes de antigénio nas farmácias, que servem de garantia para sair da Área Metropolitana.
"Observa-se aqui um aumento crescente do número de testes efetuados nas farmácias, são os testes rápidos de antigénio que são efetuados pelos profissionais das farmácias. É um teste que é feito na farmácia e cujo resultado é comunicado de forma oficial através dos canais regulamentares e na sequência dos quais é emitido um certificado", explica.
Ouça as declarações de Ema Paulino à TSF sobre os testes de antigénio feitos nas farmácias
Ema Paulino garante que as farmácias têm capacidade para continuar a responder a este aumento de procura, mas admite que nesta fase ainda se estão a adaptar.
"As farmácias estão agora num período de adaptação em termos de alocação de recursos, nomeadamente, recursos humanos necessários para efetuar os testes, mas rapidamente irão adaptar-se àquela que também é a procura", diz.
São já "113 as farmácias que estão a efetuar testes ao abrigo do protocolo com a Câmara Municipal de Lisboa" e "espera-se um aumento do número de farmácias nos próximos dias, logo após estarem concluídos todos os procedimentos".
Ema Paulino admite que as farmácias estão a adaptar-se ao aumento da procura de testes
Em breve, vai ser possível fazer a marcação do teste através do site das farmácias portuguesas. "Vai ser possível as pessoas indicarem qual é que é a zona onde pretendem fazer o teste e vai aparecer um calendário onde será possível as identificar as datas e os horários que estão disponíveis", adianta Ema Paulino.
Assim que souberam da decisão do Conselho de Ministros, as irmãs Alexandra e Isabel Pinho começaram a contactar várias farmácias da Lisboa e de Loures para fazer o rastreio ao vírus SARS-CoV-2 porque já tinham programado férias no Norte do país.
"Eu liguei para seis farmácias da zona de Alvalade, metade disse que só tinha vagas para a semana, e a outra metade nem sequer atendeu o telefone", contou Alexandra Pinho à Lusa.
Já desesperada, telefonou para uma farmácia na avenida Almirante Reis, em Lisboa, e perguntou se, em alternativa ao teste gratuito, poderia agendar um teste pago ao que a funcionária sugeriu para tentar que podia ser que a atendessem.
Entretanto a irmã, Isabel Pinho, já tinha contactado mais de uma dezena de farmácias na zona da Portela, em Loures, Olivais e Marvila, em Lisboa, até que encontrou uma farmácia em Marvila com vagas, onde ao contrário das outas, os testes são feitos por ordem de chegada e não por marcação.
Ainda não eram 17h00 quando chegaram à farmácia em Marvila e já tinham cinco pessoas à sua frente. Enquanto esperavam pelo resultado do teste (cerca de 15 minutos), a fila foi-se adensando, com mais de uma dezena de pessoas, entre as quais de destacava grupo de bombeiros.
Esta procura gerou curiosidades nos profissionais da farmácia que diziam não estar a perceber porque é que tanta gente tinha decidido ir fazer um teste naquele dia.
A procura de testes também tem vindo a aumentar nos laboratórios de análises clínicas como disse à agência Lusa o patologista Germano de Sousa, fundador da rede de laboratórios Germano de Sousa.
"Temos tido um aumento de pedidos desde o final da semana passada, sobretudo, de teste PCR", disse Germano de Sousa, adiantando que os laboratórios voltaram a realizar 5.000 testes por dia depois de um período de acalmia, em que se realizavam cerca de 2.000 diariamente.
"Hoje, por exemplo, tive imensa gente à porta do meu laboratório principal, em Lisboa, para fazer o teste", realizado por ordem de chegada.
Germano de Sousa recordou que no pico da pandemia, no início deste ano, os laboratórios chegaram a realizar 10.500 testes por dia.
Os laboratórios da Unilabs adiantaram que começaram a sentir no início de junho "um ligeiro incremento" da procura de testes PCR, um pouco por todo o país e com maior incidência na zona de Lisboa.
Neste momento, não têm qualquer tipo de espera: "Marcamos testes para o próprio dia em qualquer zona do país, com resultados até 24 horas de entrega, sendo que o tempo médio de entrega neste momento é de 12 horas", adiantou uma fonte da Unilabs.
Desde o início da pandemia, em março de 2020, já foram realizados em Portugal 12.926.064 de testes PCR e de antigénio.
