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Quase metade dos médicos que ainda estão em formação na especialidade de medicina interna recusam fazer mais do que 150 horas extraordinárias por ano e escreveram uma carta à Ministra da Saúde, alertando que pode estar em causa a qualidade dos cuidados prestados aos doentes e a própria formação dos clínicos de medicina interna.
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Uma das subscritoras da carta, Sara Pereira conta que há médicos que já atingiram o limite das 150 horas extra nos primeiros meses do ano.
"Esta carta é um alerta para que sobretudo a nossa ministra perceba as condições em que estamos a trabalhar, que já é o nosso limite. Temos relatos de pessoas que já atingiram esse limite das horas extra legal já desde fevereiro ou março, isto dá um bocadinho a ideia daquilo que nos é exigido. Temos colegas em que o habitual é atingirem essas horas nesta altura do ano, agosto ou setembro, mas há quem já tenha ultrapassado esse limite no início do ano", explicou à TSF Sara Pereira.

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A médica confessa alguma desilusão com o esforço extra pedido aos médicos internos que estão em formação e sublinha que não aceitam continuar a ser desrespeitados.
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"A nossa intenção é fazer um claro ponto de situação e demonstrar que não estamos disponíveis para compactuar com estas situações de repetido desrespeito. Adoro o que faço, adoro ver os meus doentes, não sabia era a magnitude deste esforço extra. Muitos dos nossos colegas ficaram surpreendidos, à medida que o internato avança, com esta sobrecarga tão grande e com o pouco tempo que nos sobra depois para as coisas que precisamos de fazer como treinar técnicas, escrever artigos, ir a congressos e ter tempo para estudar. Estamos em formação, temos de estudar", acrescentou a médica interna.
Ouça as declarações de Sara Pereira à TSF
A carta é assinada por 416 médicos internos. Em todo o país há cerca de mil clínicos a fazer formação na especialidade de medicina interna.