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Governo e setor social e solidário assinam nesta quinta-feira um pacto de cooperação que contempla aumentos progressivos do apoio do Estado e que prevê mais apoios para creches e para o envelhecimento.
O Pacto de Cooperação para a Solidariedade Social é a renovação de um pacto assinado há 25 anos, considerado o documento estrutural base para os acordos e compromissos que são estabelecidos a cada dois anos.
"Eu diria que é um momento histórico, porque o que estamos a fazer é renovar o contrato social entre o Estado e o setor social e solidário, 25 anos depois de ter sido assinado", explicou, em declarações à Lusa, a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, afirmando que o documento que vai ser assinado procura responder aos novos desafios de respostas sociais, seja nos desafios demográficos seja no combate às desigualdades.
Nas declarações à Lusa a ministra destacou do documento, por um lado o compromisso de alargamento da rede de creches e por outro respostas novas ao envelhecimento.
Ouça a explicação da ministra à TSF.
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Na dimensão do desafio demográfico, "um compromisso também do alargamento da rede de creches, como um pilar fundamental para conseguirmos que todas as crianças tenham acesso a creche", um "instrumento de inclusão desde o início da vida das crianças", e por outro lado novas soluções e respostas ao envelhecimento, "promovendo cada vez mais a autonomização e a independência das pessoas, mas com medidas de acompanhamento para combater o isolamento, nomeadamente com recurso a novas tecnologias", explicou.
A ministra destacou também "o papel do setor social e solidário na implementação da estratégia de combate à pobreza", nomeadamente na preocupação de "respostas mais personalizadas" e à medida de cada pessoa.
E depois, nas palavras de Ana Mendes Godinho sobre o documento, o compromisso que este contém do reforço da cooperação por parte do Estado, para uma maior partilha equitativa do esforço de investimento social, com a contrapartida "de uma qualificação e valorização dos trabalhadores do setor social, e também na melhoria da qualidade e eficácia das respostas sociais".
Ana Mendes Godinho realça a importância da valorização dos trabalhadores.
No documento afirma-se que o Estado se compromete a "assegurar, de forma progressiva e anual, o reforço do valor das comparticipações da segurança social, no âmbito dos acordos de cooperação, de forma a atingir uma repartição equitativa dos custos médios por utente, sem prejuízo das respostas em que se justifica um maior envolvimento do Estado".
A ministra lembrou que há um investimento, nomeadamente através do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), em novos equipamentos e respostas sociais, estando disponíveis para tal 420 milhões de euros.
E lembrou também que está aberto um aviso para o alargamento da rede de respostas no envelhecimento e na rede de creches. Na questão do envelhecimento a resposta do Estado é inferior a 50% e há um reforço progressivo e anual do apoio do Estado, "para se conseguir uma valorização" dos trabalhadores do setor social, a qualificação das respostas, a utilização das novas tecnologias, "mas também a melhoria da qualidade, nomeadamente através de novas respostas que cada vez mais estimulem a autonomia das pessoas e um melhor serviço", disse.
Ana Mendes Godinho diz tratar-se de medidas extraordinárias.
Ana Mendes Godinho disse à Lusa que será também assinada uma adenda aos acordos de cooperação com o setor social e solidário para a partir de janeiro haver um pagamento adicional por parte da Segurança Social de 3,3 milhões de euros por mês, para apoio em função do aumento do salário mínimo e para que haja uma "capacidade de liquidez" do setor social para a valorização dos trabalhadores.
Ana Mendes Godinho lembrou que a pandemia de Covid-19 mostrou como é importante o modelo de cooperação entre o Estado e o setor social, acrescentando: "Com a renovação do contrato social o que está a ser feito é reforçar os modelos de cooperação mas também reinventá-los na resposta às novas gerações de políticas sociais, associada à nova geração de equipamentos sociais, para respostas de mais qualidade e mais adaptadas."
Em julho passado Governo e setor social e solidário assinaram o Compromisso de Cooperação para o biénio 2021-2022, que atribui ao setor social o maior aumento de sempre. Por ano, os acordos de cooperação com o setor social e solidário representam cerca de 1,9 mil milhões de euros.
Ana Mendes Godinho lembrou também que desde 2020 só em medidas extraordinárias associadas à pandemia os apoios ultrapassaram até hoje 950 milhões de euros, investidos, por exemplo, no programa de contratação de recursos humanos extraordinários, ou no programa de testes a profissionais dos lares.
O Pacto de Cooperação para a Solidariedade Social é assinado pelo primeiro-ministro e pelos presidentes da Associação Nacional de Municípios Portugueses, Associação Nacional de Freguesias, Confederação Cooperativa Portuguesa, União das Mutualidades Portuguesas, União das Misericórdias Portuguesas e Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade.
Com ele pretende-se dar resposta também, além dos desafios demográficos e envelhecimento ativo e saudável, à formação continuada, ao desafio da digitalização e ao desenvolvimento humano e social sustentável.
O documento contempla mais de duas dezenas de áreas estratégicas de intervenção, desde o apoio à primeira infância, educação pré-escolar e educação inclusiva e ensino especial, passando, entre vários outros, pelo apoio a jovens e pessoas com deficiência, apoio domiciliário, apoio a refugiados, e apoio a grupos mais vulneráveis ou e risco de exclusão, ou vítimas de violência doméstica.
Ouvido pela TSF, o presidente da União das Misericórdias Portuguesas, Manuel Lemos, saúda o compromisso do Estado em aumentar para 50% o financiamento dos lares no espaço de uma legislatura.
"Se há 25 anos, os idosos eram metade dos jovens, agora são o dobro. Há aqui um compromisso financeiro do Estado que, em alguns anos, iremos recuperar", afirma.
Ouça as declarações de Manuel Lemos à TSF
Com este novo compromisso, o Estado garante a dignidade dos mais velhos.
"Foi uma boa negociação. Penso que é importante continuarmos a trabalhar, porque os problemas dos idosos não se resolvem só com dinheiro, resolvem-se de outras formas, e nós precisamos de melhorar todos em conjunto e dar prevalência àquilo que é realmente importante: assegurar a dignidade e a cidadania dos idosos", acrescenta.
Para Manuel Lemos, o mais importante é "assegurar a dignidade e a cidadania dos idosos"
* Notícia atualizada às 09h09