Movimento em protesto contra demolição da antiga estação de comboios da Rotunda da Boavista

À TSF, Orlando Castro, que faz parte do Movimento Jardim Ferroviário da Boavista, explica que esta estação de comboios "é a mais antiga do Porto" e representa "um património que faz parte do imaginário coletivo". Considera também que esta demolição é "oportunidade desperdiçada de colmatar uma falta de espaços verdes".

Contra a demolição da antiga estação de comboios da Rotunda da Boavista, no Porto, onde vai ser construído um novo espaço comercial e pela construção de uma área verde, o Movimento Jardim Ferroviário da Boavista marcou uma manifestação para este sábado.

Esta foi a primeira estação do Porto. Abriu em 1875 e por causa do metro do Porto encerrou em 2001. O espaço pertence à Infraestruturas de Portugal (IP) e, no início do mês, foi publicado em Diário da República o despacho que confirma a demolição da antiga estação para ser construído um El Corte Inglés.

Orlando Castro, arquiteto, faz parte deste movimento, e explica, em declarações à TSF, a importância deste edifício.

"É a estação mais antiga do Porto, é um património que faz parte do imaginário coletivo e é uma marca muito presente desta zona da cidade. A principal questão do Movimento Jardim Ferroviário da Boavista é a preservação da estação, por causa da questão de património material e imaterial, no sentido da memória e do que ela representa, e também porque consideramos que o terreno afeto à estação deveria ser utilizado para um jardim público ou equipamentos de proximidade."

O Movimento garante que a demolição do edifício vai contra a vontade da população e já enviou uma carta ao ministro das Infraestruturas, ao presidente da IP e ao presidente da Câmara do Porto a dar conta do descontentamento. Orlando Castro aponta o dedo à autarquia.

"O terreno pertence à IP, é ela que efetua ou não este negócio. No entanto, também foi dito pelo ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, que não se constrói um centro comercial se uma autarquia não quiser. Houve aqui alguns momentos de passar a pasta entre possíveis decisores e tentou passar-se uma certa noção de inevitabilidade, de que este negócio já estava assumido e que era absolutamente irreversível e que nenhuma das entidades poderia fazer nada para o contrariar, o que não está em concordância com o nosso entendimento", afirma.

O Movimento Jardim Ferroviário da Boavista não tem dúvidas sobre o impacto negativo desta obra e fala numa oportunidade perdida.

"Parece-nos que irá trazer mais complicações do que benefícios, a nível do comércio local, do trânsito, e é ao mesmo tempo uma oportunidade desperdiçada de colmatar uma falta de espaços verdes e de jardins públicos. É-nos sempre respondido que não há falta de zonas verdes dada a proximidade da rotunda da Boavista, no entanto, segundo o próprio PDM, a rotunda da Boavista é uma praça jardinada, não tem a área permeável suficiente para ser sequer qualificada como um jardim", argumenta.

Contactada pela TSF, a Câmara Municipal do Porto recusou comentar este processo.

A manifestação do Movimento Jardim Ferroviário da Boavista está marcada para este sábado, às 15h00, junto ao que resta daquela que foi a primeira estação de comboios construída na cidade do Porto.

Neste momento, está a decorrer uma petição que apela à realização de um processo de consulta pública para decidir o futuro dos terrenos públicos da antiga estação.

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