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Relembrando uma expressão de Mark Twain, Henrique Barros, do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, afirmou, esta quarta-feira, que o fim da pandemia ainda está longe.
"O anúncio do fim da pandemia é capaz de ser bastante exagerado", disse, na reunião do Infarmed. No entanto, o especialista explicou que "com a vacinação e uma estratégia de testes, podemos viver de uma forma muito próxima da normalidade".
Comparando o cenário vivido no ano passado com o atual, Henrique Barros indicou que, agora, há "um aumento enorme de casos e da incidência", cerca de quatro vezes mais do que há um ano. Algo que não se verifica nas idades mais avançadas, "onde há uma grande taxa de cobertura vacinal, bem como a dose de reforço".
No entanto, Henrique Barros destacou que "também é brutal" a diferença no número de óbitos e internamentos, tanto em enfermarias como em cuidados intensivos.
As circunstâncias atuais permitem "uma enorme capacidade do vírus circular", explicou o perito, sublinhando que, neste momento, "temos uma mobilidade que é muito próxima àquela que tínhamos antes da pandemia".
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"O cenário que estamos a viver é de uma liberdade de circulação do vírus", referiu, frisando que, agora, há uma testagem cinco vezes maior por mil habitantes do que há um ano.
"Apesar de tudo, é tranquilizador que o aumento de casos não se esteja a repercutir na gravidade da infeção", considerou.
Além da "dissociação do número de casos da sua gravidade", Henrique Barros garantiu que "não há razão nenhuma para continuar a raciocinar em termos do número de casos".
De acordo com o especialista, vão continuar a existir variantes "menos graves e mais transmissíveis", mas "é inequívoco que a vacinação mudou a resposta à infeção". "É possível controlar a infeção. Não vale a pena continuarmos com os cenários de erradicação. O essencial é controlar, antecipar e responder", admitiu.
No plano das incertezas, o especialista mencionou que ainda não se conhece o risco da Ómicron em pessoas não vacinados. Henrique Barros assinalou também a importância de se aplicar uma estratégia "mais eficiente" de isolamento e quarentena que "garanta um menor impacto na vida social" das pessoas, nomeadamente nas escolas.
"Não é necessário colocar tanta gente em casa, é preciso jogar com as vacinas e os testes", argumentou.
A existência de uma quarta dose também é uma incerteza. Contudo, há "uma enorme esperança" relativamente à criação de novas vacinas "mais adaptadas à modificação do vírus".
