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O diretor da organização não-governamental Safeguard Defender insiste que em Portugal existem três esquadras informais chinesas e que essa informação tem por base documentos das autoridades chinesas. Segundo essa documentação, em Portugal essas esquadras funcionam em Lisboa, no Porto e na Madeira. Ainda assim, até agora, de acordo com Peter Dahlin, "não há casos específicos identificados em Portugal" de pessoas instadas a regressar à China, não descartando que possam existir.
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"Apenas tentamos centrar-nos na informação do governo chinês porque são as evidências mais fortes. Acreditamos que há um enorme número de casos aqui e estamos a tentar identificá-los. Mas é algo que está a acontecer em toda a Europa e temos casos em toda a Europa. Pensar que Portugal está sozinho sem ser atingido é um pouco ingénuo", acrescenta, em declarações à TSF.
À margem de um jantar da Iniciativa Liberal, em Coimbra, partido que abordou a questão da alegada existência destas esquadras também em Portugal, Peter Dahlin considera que o desafio é identificar e perceber como elas funcionam.
"A China evita usar canais legais, é por isso que usa este tipo de comportamento. É mais fácil contactar as pessoas, arrastá-las para um gabinete, fazer uma videoconferência e ameaçá-las a elas e à sua família na China para voltarem de forma voluntária".
Sobre os visados, Peter Dahlin fala de "uma grande variedade de pessoas", sendo que, "sem dúvida, que alguns são criminosos".
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"O problema é que algumas são pessoas críticas do Partido Comunista da China, pessoas que defendem os direitos humanos, pessoas que são opositores políticos".
O ativista adianta também haver "informação da polícia chinesa em que admite ter como alvo pessoas que são acusados de nada fazer de errado". "Apenas os querem de volta para as controlar", acrescenta.
Peter Dahlin considera que um dos problemas relacionados com estas esquadras é a "falta de conhecimento" dos países europeus. Questionado sobre o que Portugal deve fazer depois da divulgação deste caso, o sueco defende uma investigação para "depois decidir que medidas tomar".
"Penso que o próximo passo lógico, que vimos acontecer noutros países, é o parlamento abrir um inquérito para realmente entender o que se passa e como está, ou não, a afetar-nos".
Segundo dados da ONG, cerca de 230 mil cidadãos chineses no estrangeiro já retornaram à China.