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O pároco das igrejas de São Nicolau e da Madalena, na Baixa de Lisboa, foi afastado de funções pela Diocese de Lisboa porque o seu nome integra a lista de suspeitos identificados pela Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica Portuguesa.
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Num comunicado divulgado esta quarta-feira, o padre Mário Rui Pedras nega todas as acusações e diz-se "chocado" com as imputações, que garante serem "totalmente falsas".
"Ao longo da minha vida sacerdotal não pratiquei o que quer que fosse de censurável, seja pelo prisma da lei canónica, pelo prisma da lei civil ou da ética comportamental", garante o pároco. "Nada fiz de errado, de desrespeitador, ou de criminoso."
Em causa estará "uma denúncia anónima" na qual o padre Mário Rui Pedras é acusado de abusos na década de 90. A suposta vítima seria um menor a frequentar o 8.º ano num colégio da periferia de Lisboa.
"Uma denúncia anónima, falsa, caluniosa, sem qualquer elemento útil ou prestável para investigação (...) um golpe cobarde, cuja existência não consigo entender nem explicar", condena o pároco.
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O padre Mário Rui Pedras diz ter-se colocado "à disposição do Patriarca de Lisboa, para que tomasse as medidas cautelares que entendesse adequadas" e a decisão acabou por ser o afastamento da paróquia. "Sacrifico-me na esperança de poder estar a contribuir para o bem maior da Igreja", escreve.
Além de até agora dirigir as igrejas de São Nicolau e da Madalena, o padre Mário Rui Pedras é orientador espiritual e confessor de longa data do líder do Chega, que viveu vários anos na Residência de São Nicolau, depois de sair do seminário.
"Hoje é o meu diretor espiritual, é o meu confessor, foi sem dúvida, apesar de ter muitos padres que me marcaram, mas o padre Mário Rui foi o padre que mais me marcou até hoje", disse André Ventura numa entrevista ao Expresso.
Foi também na Igreja de São Nicolau que André Ventura começou o dia que marcou o arranque da sua legislatura como deputado, em 2019.

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Em declarações aos jornalistas, André Ventura diz-se "chocado" com as notícias sobre o padre Mário Rui Pedras que, reforça, lhe é "próximo".
"O padre Mário Rui casou-me, esteve comigo quando era estudante universitário e, portanto, é uma notícia que me que me choca bastante e que me choca particularmente", tal como "chocará todos os membros da comunidade de São Nicolau.
O caso não muda a sua visão sobre os suspeitos de abusos sexuais na Igreja, assegura, por outro lado. "A justiça tem que ser aplicada e tem que ser aplicada para todos, seja em que circunstância for". "A lei é dura, mas é para cumprir", reforça.
André Ventura conta que sempre foi religioso, viveu vários anos num seminário e nunca foi "alvo de nenhuma espécie de abuso ou tentativa de abuso".
"Nunca assisti, enquanto estive num seminário ou na igreja de São Nicolau, ou noutra, a qualquer ato menos próprio, que me levantasse suspeita, por parte de ninguém e muito menos por parte do padre Mário Rui", assegura.
Notícia atualizada às 15h26