"Os homens não ligam muito porque acham que o cancro da mama é só para a mulher"

Diagnosticado com cancro de mama em 2018, Luís Costa aconselha os homens a estarem vigilantes. E a filha Rita, a quem foi detetada uma mutação genética que aumenta o risco de cancro de mama e fez uma cirurgia preventiva, sublinha a importância das pessoas se informarem bem. A TSF falou com os dois numa visita à pequena exposição fotográfica onde estão retratados.

Numa das fotografias, Luís Costa está com a filha. Ele de fato, ela de vestido branco. Ele sentado numa cadeira, ela no chão. Ele com umas luvas de boxe cor de rosa, ela com a mão direita sobre uma dessas luvas. Estão juntos "como sempre". "O meu pai travou uma batalha. Não travou sozinho, mas travou uma batalha", conta Rita à TSF, que sublinha a importância do apoio familiar. "Esta foto mostra como todos nós funcionamos em família, sempre de mão dada."

O cancro de mama afeta 1% dos homens. "É uma percentagem muito pequena, mas pode acontecer", afirma Luís. No caso dele tudo começou num banho. "Apalpei as mamas e senti um caroço, disse à minha mulher, mas não ligámos nenhuma. Ver e não ver foi um ano e meio até à primeira consulta".

Depois de ser diagnosticado com cancro de mama em Outubro de 2018, Luís Costa foi sujeito a quimioterapia, mas não se deu bem. "A médica disse-me: escusa de estar a sofrer que isto não é para sofrer. E seguimos para a operação. Tiraram-me tudo", conta Luís Costa. Tendo em conta que são raros os casos entre os homens, foi feito estudo genético e Luís acusou uma mutação no gene BRCA2, uma mutação genética que aumenta em 40% o risco de cancro de mama. Por isso mesmo, retirou preventivamente a segunda mama e as três filhas foram aconselhadas a fazer o mesmo estudo. Das três, só Rita acusou ter a mesma mutação e quando confrontada com as hipóteses não hesitou em fazer uma mastectomia preventiva. Nestes casos, as pessoas são aconselhadas a fazer a operação ou a manterem uma vigilância muito apertada, mas Rita não quis ficar com o coração nas mãos. Tinha 28 anos, duas filhas bebés que ainda amamentava, mas decidiu que não queria passar pelo que o pai passou, nem causar sofrimento à família. "O cancro gera dor à pessoa e à família toda. Havendo uma forma de prevenir isso, não era justo não o fazer", justifica.

A história da família Costa tem vários casos de doença oncológica, Luís tinha perdido um filho com um cancro no esófago, a mãe com cancro na cara e um irmão com cancro no intestino quando recebeu o diagnóstico. " Foi um choque!", declara. Hoje, Luís está limpo, não está curado, mas está limpo e faz vigilância de 6 em 6 meses e Rita luta contra as marcas físicas e psicológicas que lhe deixaram a mastectomia bilateral preventiva e a reconstrução mamária. "Quando tirei os gases chorei muito", conta revelando que o resultado ficou longe do esperado. " Sou muito nova. Não é justo porque eu nem sequer estava doente", desabafa.

"Senti que tinha a culpa disto tudo", confessa o pai. " Não tem", assegura a filha que sublinha que se não fosse o pai ela não saberia que tinha a "espada do cancro" sobre a cabeça. Agora aguarda por uma nova cirurgia reconstrutiva e promete não desistir até se sentir bem com o corpo. Até lá, tanto ela como o pai esperam que o testemunho e as fotografias expostas no Loureshopping no âmbito da campanha "Family Talks: Luta Rosa, Pensa Rosa" desenvolvida pelo AXN White sirvam para passar uma mensagem. "Tenho muita esperança de passar a mensagem a muita gente, vão parar vão ver e se calhar vão ter mais atenção", afirma Luís que com as luvas de boxe cor de rosa, com que aparece numa das fotografias "deu uns belos socos no cancro".

Aos homens "que não ligam muito porque acham que o cancro da mama é só para a mulher" aconselha " a apalparem-se e a irem ao médico se sentirem alguma coisa estranha".

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