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Isabel Valente, da Associação Portuguesa dos Direitos da Mulher na Gravidez e no Parto, afirma que compreende a decisão dos médicos internos de ginecologia e obstetrícia que pediram escusa de responsabilidade, numa altura em que a crise das urgências faz aumentar a preocupação e ansiedade das grávidas.
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"São trabalhadores com muita responsabilidade, que lidam com a vida das pessoas e que não têm asseguradas as condições de trabalho ideais para desempenhar a função", afirma Isabel Valente à TSF, considerando, por isso, "compreensível" que os clínicos tenham pedido escusa de responsabilidade.
A responsável espera que a decisão "funcione como um alerta de uma situação que não é de hoje nem de ontem - a morte anunciada do SNS", que é "consequência uma situação estrutural de necessidade de reforço que não acontece". Estas escusas, reforça, "são um reflexo da realidade".
Isabel Valente espera que pedidos de escusa sirva como um "alerta" para "a morte anunciada do SNS".
Isabel Valente conta que as grávidas estão "alarmadas" com a crise que afeta as urgências dos hospitais e que são cada vez mais os que dizem sentir-se ansiosos e inseguros porque, nota, "parece quase uma maldição uma pessoa ter que parir nos meses de verão".
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"As pessoas estão obviamente, é fácil de imaginar, muito preocupadas e muito ansiosas e a sentirem muito a incerteza em relação àquilo que pode acontecer", frisa.
"Parece quase uma maldição parir nos meses de verão." Ouça as declarações de Isabel Valente à TSF
Na terça-feira, numa carta dirigida à ministra da Saúde, Marta Temido, os médicos internos de Ginecologia e Obstetrícia de todo o país revelaram que entregaram escusa de responsabilidade quando as escalas de urgência não estiverem de acordo com o regulamento, apontando que as medidas aprovadas até agora pelo Governo são insuficientes.

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Roque da Cunha, do Sindicato Independente dos Médicos, fala de um "sentimento generalizado" e de um "grito de alerta" por parte dos médicos que garantem que os serviços de urgência ainda vão funcionando.
À TSF, o sindicalista diz que foram centenas os profissionais que pediram escusa de responsabilidade da generalidade dos grandes hospitais do país, do Minho ao Algarve. "É um movimento que se iniciou agora" e que acabará por chegar a muitos mais profissionais, prevê.
Na segunda-feira, o secretário de Estado e Adjunto da Saúde, Lacerda Sales, lamentou que as escalas dos serviços de ginecologia e obstetrícia do país para agosto ainda não estejam preenchidas, mas sublinhou que o Governo não vai desistir de "encontrar as melhores soluções para que se continue a nascer bem em Portugal".