Tópicos chave
- Os números da Covid-19 entre as crianças em Portugal
- Quem tem prioridade?
- O que levou a EMA a aprovar a vacina para as crianças?
- O perigo da variante Ómicron
- Como vai ser feita a vacinação de crianças?
- Efeitos secundários
- O que se espera com a vacinação das crianças?
- O que se espera caso as crianças não sejam vacinadas?
Fique com um resumo do parecer divulgado esta sexta-feira pela Direção-Geral da Saúde.
A Direção-Geral da Saúde não tem por hábito divulgar, na íntegra, os pareceres dos especialistas, mas a insistência por parte de vários partidos políticos e a pressão da própria sociedade levaram Graça Freitas, diretora-geral da saúde a tornar o documento público esta sexta-feira. São 38 páginas em que os especialistas falam dos benefícios e riscos da vacinação entre as crianças, que vão começar a ser vacinadas já no fim de semana de 18 e 19 de dezembro.
CONSULTE AQUI O PARECER NA ÍNTEGRA
Os números da Covid-19 entre as crianças em Portugal
As crianças entre os zero e os nove anos são a faixa etária com maior incidência de infeção por SARS-CoV-2 em Portugal. Entre os cinco e os 11 anos registam-se cerca de 40% do total de casos diagnosticados em pessoas com menos de 18 anos.
Quem tem prioridade?
As crianças com comorbilidades vão ter prioridade no processo de vacinação, independentemente da idade. Entre as doenças consideradas de risco estão: diabetes, obesidade, doenças neurológicas, cardíacas, pulmonares - incluindo asma - e gastrointestinais.
Apesar de, na maioria dos casos, a Covid-19 não afetar gravemente as crianças também existem formas graves da doença. O parecer refere o Síndrome Inflamatório Multissistémico, que se regista em cerca de 1 a 10 casos por 100 mil infeções em Portugal.
O que levou a EMA a aprovar a vacina para as crianças?
Antes de aprovar a vacina para os mais pequenos, a Agência Europeia do Medicamento fez um ensaio clínico, em que participaram mais de duas mil crianças. Neste estudo concluiu-se uma eficácia e segurança de 90,7%, com os benefícios a superarem os riscos. Um valor semelhante ao observado na população com mais de 12 anos.
Pela Europa são vários os países que já recomendam a vacinação para esta faixa etária. Na lista, além de Portugal, estão a Áustria, Grécia, Croácia, Espanha e Estónia. Na Finlândia, França e Holanda, por exemplo, há apenas essa indicação para as crianças de risco ou que vivam com pessoas imunocomprometidas.
O perigo da variante Ómicron
O aparecimento desta nova variante aumentou a preocupação e acelerou o avançar do processo de vacinação entre as crianças. De acordo com o documento, a Ómicron pode levar a uma incidência mais elevada nas crianças entre os cinco e os 11 anos.
"Não é ainda conhecida a história natural da infeção com esta variante, nomeadamente o risco de hospitalização, contudo a vacinação contra a Covid-19 tem demonstrado elevada efetividade contra a doença grave, mesmo perante a emergência de novas variantes que foram associadas a uma menor efetividade vacinal contra infeção", pode ler-se no parecer na Comissão Técnica de Vacinação.
Como vai ser feita a vacinação de crianças?
As duas doses da vacina devem ter um intervalo entre seis a oito semanas. Se a criança tiver de tomar outra vacina deve haver um intervalo de 14 dias.
Nos casos das crianças que recuperaram da Covid-19, vão poder ser vacinadas com uma dose da vacina, pelo menos três meses após a doença. Caso tenham historial prévio de miocardite, a vacinação deve ser adiada "até à resolução completa do quadro clínico".
Se a criança completar 12 anos depois da primeira dose da vacina deve ser vacinada na mesma com a dose pediátrica, de forma a completar o esquema vacinal "com a mesma formulação".
Efeitos secundários
Tal como nos adultos, os efeitos secundários esperados são febre, calafrios, cefaleias e fadiga.
"Nenhuma reação adversa grave relacionada com a vacinação foi reportada, não tendo sido reportado nenhum caso de MIS-C, miocardite/pericardite ou morte", pode ler-se no parecer.
O que se espera com a vacinação das crianças?
Com o alargamento da vacinação aos mais novos espera-se poder diminuir a transmissão de SARS-CoV-2. No entanto, os especialistas avisam que "este efeito não está quantificado e pode ser inferior ao alcançado com a vacinação de adultos".
Os especialistas sublinham também que os riscos, a longo prazo, associados à administração da vacina nestas idades ainda não são definitivamente conhecidos.
O que se espera caso as crianças não sejam vacinadas?
Sem a vacinação dos mais novos prevê-se que venham a ser hospitalizadas 200 crianças, das quais 20 precisariam de assistência nas unidades de cuidados intensivos.
"Esperam-se também 16 episódios de MIS-C e 42 casos de mio/pericardites virais. A vacinação desta coorte com 95% de efetividade reduz estes valores para 10 hospitalizados, 1 caso em UCI, e 3,4 mio/pericardites (das quais 1,3 associadas à vacina)", prevê o documento.
Em média serão evitadas 190 hospitalizações e 19 internamentos em UCI em cada 100 mil vacinados.