Parkinson juntou 25 doentes em orquestra terapêutica

Médica neurologista Margarida Rodrigues está a testar o impacto do projeto na qualidade de vida dos doentes.

Vinte e cinco doentes com Parkinson aceitaram o desafio de formarem uma orquestra terapêutica, que dará um concerto este sábado, pelas 21h30, no auditório Vita, em Braga.

O projeto é liderado pela médica neurologista do Hospital de Braga, Margarida Rodrigues, que está a testar os efeitos que a orquestra pode ter sobre a qualidade de vida dos doentes de Parkinson, a segunda doença neurodegenerativa mais prevalente, para a qual não há cura, mas que dispõe de tratamentos que, complementados com outras terapias, ajudam a retardar a sua progressão.

"Fizemos uma avaliação formal antes de os participantes iniciarem a intervenção musical. Avaliamos a parte motora, avaliamos com escalas de bem-estar e de qualidade de vida e vamos fazer uma reavaliação na próxima semana", adiantou à TSF Margarida Rodrigues.

Apesar do enorme entusiasmo manifestado pelos doentes que aceitaram integrar o projeto, "houve muitos doentes que recusaram participar, sobretudo pelo estigma, por não quererem que se soubesse, porque em muitos casos ainda nem a família sabe", relata, acrescentando que o projeto também pretende "tentar combater esse estigma".

Os participantes têm entre 26 e 80 anos, a maioria sem experiência musical, mas "o que interessa realmente é a vontade", sublinha Pedro Santos, diretor artístico e autor das melodias escritas para as letras compostas pelos doentes.

"As letras são poemas que eles foram escrevendo e palavras que lhes vêm imediatamente à cabeça quando falam da doença da doença de Parkinson, como dor, tristeza, medo, mas que entretanto já conseguimos virar isto para esperança, fé, otimismo", descreve Pedro Santos.

Alice Brandão, 46 anos, recebeu o diagnóstico há cerca de ano e meio. "Chorei muito. Mas tenho que enfrentar", resigna-se. Confessa que inicialmente resistiu à ideia de participar na orquestra, mas "se tivesse dito que não, a esta hora estava arrependida". A família é o principal suporte, mas na orquestra encontrou um grande amparo, partilhando com outros doentes as angústias de quem vive com a mesma doença, em estádios diferentes.

A ideia de uma plateia "cheia de gente" faz crescer um nervoso miudinho para o concerto de encerramento, este sábado, mas para Joaquim Machado, o que o preocupa é "o que vai ser a partir de segunda feira? Estou sempre à espera do dia que venho aqui ensaiar e não sei como vai ser para a semana..."

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