Páscoa sem peixe fresco: como a greve na Docapesca está a afetar as lotas

Ao segundo dia de greve de trabalhadores da Docapesca, na lota de Matosinhos vende-se peixe congelado. Em Lisboa os comerciantes têm menos peixe para vender.

Em véspera de Sexta-feira Santa - feriado nacional onde o peixe é tradição na mesa dos portugueses - faltam produtos frescos no mercado, consequência da greve a nível nacional dos trabalhadores da Docapesca em defesa de aumentos salariais e da revisão do Acordo de Empresa.

Em Matosinhos, lota está a funcionar com muitas limitações. Fábio Santos, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Marinha Mercante, Agências de Viagens, Transitários e Pesca (Simamevip) conta à TSF que "o comerciante comum não tem acesso à primeira venda de pescado".

"Os comerciantes aqui à porta não têm propriamente acesso a peixe fresco. O peixe que têm é do mercado de segunda venda, que já tem alguns dias e é congelado. O peixe fresco, vindo do mar, neste momento não existe."

Além dos consumidores, o "pescador comum", que ganha à semana, "sai prejudicado" com a greve, mas é um sacrifício necessário para reivindicar melhores condições, considera Fábio Santos, já que cerca de 60% dos trabalhadores da empresa auferem o salário mínimo nacional.

Em Lisboa, no Mercado de Benfica, há menos peixe nas bancas, mas não aparentam faltar clientes. Os comerciantes garantem que, apesar de mais difícil, conseguiram comprar algum peixe na lota.

A greve de três dias da Docapesca teve início na quarta-feira. Paulo Lopes, coordenador do Simamevip explicou à TSF que a greve se deve à falta de resposta da entidade empregadora às "propostas negociais, sendo que, no final do ano passado, houve um pré-entendimento em como, este ano, iriam existir aproximações salariais", mas nunca mais houve resposta.

O coordenador do Sindicato também culpa o Governo porque, agora, a "Docapesca não tem autorização para proceder aos aumentos salariais". Depois de uma conversa com a nova ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, a mesma reafirmou "que se houvesse uma resposta" da empresa, "seria um mau exemplo para as outras empresas".

Quanto ao peixe comercializado pela Docapesca, o coordenador do Sindicato deixa o aviso: "não vai haver peixe até segunda-feira".

Contactado pela TSF, o Ministério da Agricultura garante que a ministra está muito preocupada com a situação dos trabalhadores da Docapesca e que está a dialogar com o ministro das Finanças para encontrar uma solução sólida para o problema. Ou seja, os baixos salários dos funcionários da empresa.

A Docapesca integra o Setor Empresarial do Estado, por isso a alteração das remunerações tem se ser aprovada pela tutela e pelas Finanças.

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