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Em véspera de Sexta-feira Santa - feriado nacional onde o peixe é tradição na mesa dos portugueses - faltam produtos frescos no mercado, consequência da greve a nível nacional dos trabalhadores da Docapesca em defesa de aumentos salariais e da revisão do Acordo de Empresa.
Em Matosinhos, lota está a funcionar com muitas limitações. Fábio Santos, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Marinha Mercante, Agências de Viagens, Transitários e Pesca (Simamevip) conta à TSF que "o comerciante comum não tem acesso à primeira venda de pescado".
Ouça aqui a jornalista Rute Fonseca em direto da lota de Matosinhos
"Os comerciantes aqui à porta não têm propriamente acesso a peixe fresco. O peixe que têm é do mercado de segunda venda, que já tem alguns dias e é congelado. O peixe fresco, vindo do mar, neste momento não existe."
Além dos consumidores, o "pescador comum", que ganha à semana, "sai prejudicado" com a greve, mas é um sacrifício necessário para reivindicar melhores condições, considera Fábio Santos, já que cerca de 60% dos trabalhadores da empresa auferem o salário mínimo nacional.
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Em Lisboa, no Mercado de Benfica, há menos peixe nas bancas, mas não aparentam faltar clientes. Os comerciantes garantem que, apesar de mais difícil, conseguiram comprar algum peixe na lota.
Ouça aqui o jornalista David Alvito em direto da lota de Matosinhos
A greve de três dias da Docapesca teve início na quarta-feira. Paulo Lopes, coordenador do Simamevip explicou à TSF que a greve se deve à falta de resposta da entidade empregadora às "propostas negociais, sendo que, no final do ano passado, houve um pré-entendimento em como, este ano, iriam existir aproximações salariais", mas nunca mais houve resposta.
O coordenador do Sindicato também culpa o Governo porque, agora, a "Docapesca não tem autorização para proceder aos aumentos salariais". Depois de uma conversa com a nova ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, a mesma reafirmou "que se houvesse uma resposta" da empresa, "seria um mau exemplo para as outras empresas".
Quanto ao peixe comercializado pela Docapesca, o coordenador do Sindicato deixa o aviso: "não vai haver peixe até segunda-feira".
Contactado pela TSF, o Ministério da Agricultura garante que a ministra está muito preocupada com a situação dos trabalhadores da Docapesca e que está a dialogar com o ministro das Finanças para encontrar uma solução sólida para o problema. Ou seja, os baixos salários dos funcionários da empresa.
A Docapesca integra o Setor Empresarial do Estado, por isso a alteração das remunerações tem se ser aprovada pela tutela e pelas Finanças.