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Quantas interrupções voluntárias da gravidez aconteceram nos últimos anos, porque é que não são divulgados dados desde 2018 e que impacto teve a pandemia no acesso e acompanhamento das mulheres que decidem interromper a gravidez? São perguntas dirigidas ao Ministério da Saúde, para já sem resposta, e que o Bloco de Esquerda deu entrada na Assembleia da República.
À TSF, a deputada Joana Mortágua diz que "os últimos números oficiais completos são de 2018" e que, desde então, nunca mais houve relatórios da DGS sobre o assunto. Frisando que há dados que não são conhecidos e remontam uma altura em que a pandemia ainda não existia, a parlamentar quer em, primeiro lugar, perceber "porque é que esses números não foram publicados", se "há ou não recolha de dados e porque é que não foram tratados desde 2018".
"Em segundo lugar, perceber se serviços de saúde dedicados à IVG e à saúde sexual e reprodutiva das mulheres foram afetados durante a pandemia e como é que foram afetados", diz Joana Mortágua para quem é fundamental saber "se corremos o risco de chegar à conclusão de que deixámos mulheres para trás no acesso a este direito fundamental".
Para o Bloco de Esquerda, "já passou tempo suficiente desde a emergência pandémica para que governo e os serviços possam dar uma resposta" que os "deixe descansados em relação a esta matéria".
Ainda em dezembro, as autoridades de saúde também falharam a apresentação de dados consolidados sobre o VIH em Portugal e, na altura, a justificação foi a de que os serviços do Ministério da Saúde não tiveram capacidade para realizar as atualizações necessárias.
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Questionada se estes casos fazem temer um défice ainda maior na recolha de dados sobre diferentes práticas médicas e patologias, Joana Mortágua espera que não, mas lembra que conhecer os números é muito importante para a definição das políticas e perceber as reais necessidades dos serviços.
"Temos defendido que o SNS tem de ter o reforço de recursos humanos e materiais suficientes para responder ao seu funcionamento normal e, neste caso, o funcionamento normal do SNS significa direitos fundamentais das mulheres como o seu acesso à saúde sexual e reprodutiva. É importante perceber se SNS continua a funcionar normalmente ou se precisa de ser reforçado nestas áreas", conclui a deputada.
PCP defende que "prioridade" é o "reforço do SNS"
Paula Santos: "A "prioridade" é o "reforço do SNS"
Ouvida em direto por Fernando Alves na manhã desta sexta-feira, na TSF , Paula Santos, que vai assumir funções como líder parlamentar do PCP, refere que é "importante ter acesso aos dados relativamente à IVG", mas defende a existência de outras "questões centrais" que são uma "prioridade" para o PCP.
Entre os trabalhos do novo mandato do PCP, a líder parlamentar enumera o "reforço do Serviço Nacional de Saúde e o aumento da sua capacidade de resposta". No caso concreto das mulheres, reforça a necessidade de todas terem "acesso à saúde sexual e reprodutiva".
Paula Santos também menciona a preocupação com o "reforço do serviço público na matéria da saúde materna e neonatal", além da questão do "planeamento familiar e o acesso gratuito a métodos contracetivos".
Na opinião da líder parlamentar do PCP, o SNS "tem de assegurar a resposta" a estes "aspetos fundamentais", conclui.
DGS promete dados
Citada pelo jornal Público, a Direção-Geral da Saúde garante que está prevista "durante este ano" a divulgação dos dados relativos aos últimos três anos.
Notícia atualizada às 8h59