"Prisioneiros de um vírus." Retalhos da vida de uma pandemia em Portugal

Há um ano, o Instituto de História Contemporânea desafiou os portugueses a documentar a pandemia. Para isso criou uma página na internet, onde estão alojados textos, sons e imagens.

O objetivo do projeto "Memória Covid" pretende ser um álbum de um evento histórico e singular, que atinge diretamente toda a população. O Instituto de História Contemporânea, numa iniciativa coordenada por Helena da Silva, considera "urgente e imperativo documentar como se vive esta pandemia, para que a vivência de tão singular evento histórico não caia no esquecimento", considerando que "na era digital e das redes sociais, o número de fotografias, de vídeos e de documentos sobre a pandemia Covid-19 é relevante".

Assim nasceu o "Memória Covid", um arquivo online que se estreou com a publicação do texto de "Uma Pandemia, o teletrabalho e a mãe vilã", escrito por Ana Rita Santos, de Sintra. Ao longo de oito parágrafos, Ana reflete sobre os novos hábitos de trabalho e da vida familiar e das restrições a que todos estão obrigados.

Na página "Memória Covid", cada um exprime-se como sabe, como quer, como foi possível. Predominam as fotografias, com ou sem cor, onde se destacam cidades vazias e objectos que passaram a fazer parte da nossa rotina, como máscaras, viseiras, fatos de protecção.

Cada contributo tem um título e chegam de todo o país. De Lisboa, ao Porto, de Guimarães a Sabrosa, de Viana do Castelo a Sesimbra. Todos os testemunhos manifestam desejo de liberdade. Como naquele 25 de abril de 2020, o primeiro sem ela, com todos à janela como demonstra o vídeo de Ângela Matos Pité.

Helena da Silva, do Instituto de História Contemporânea, e coordenadora do projeto, diz que na página "Memória Covid" encontram-se reunidas cerca de uma centena recordações. A historiadora e coordenadora deste cesto de memórias conta que no início foi mais fácil receber partilhas, à medida que a doença avançou, o país cansou-se.

Enquanto houver pandemia haverá Memória Covid. Quando a Covid for, de facto, passado, Helena da Silva gostava que os trabalhos reunidos perdurassem no tempo, em forma de exposição ou livro.

O Instituto de História Contemporânea apela ao envio de contribuições de conteúdo digital, como fotografias, cartazes, sons, vídeos, histórias pessoais ou diários que revelem o impacto da pandemia Covid-19 em Portugal.

"Podem refletir mudanças significativas no quotidiano, por exemplo no trabalho, no ensino, nos transportes públicos, no comércio, no espaço urbano, bem como atividades fora do habitual (costurar máscaras, fazer desporto em casa, ocupar as crianças, fazer pão, cancelamento de eventos, entre outras)".

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