"Probabilidade relativamente baixa." Casos de morte por monkeypox não preocupam DGS

Porta-voz da Direção-Geral da Saúde para a varíola dos macacos alerta que existe a possibilidade de a doença vir a evoluir.

A porta-voz da Direção-Geral da Saúde para a varíola dos macacos não está particularmente preocupada com o surgimento de mortes na Europa relacionadas com a doença. Em menos de 24 horas, o governo espanhol anunciou que morreram duas pessoas vítimas do vírus, mas para Margarida Tavares essa situação já era expectável, ainda que seja um fenómeno raro.

"A probabilidade de morte entre aqueles que são infetados é relativamente baixa, inferior a 1%. À medida que se forem registando mais casos, a probabilidade de esses eventos muito raros acontecerem é cada vez maior e penso que, para já, é apenas disso que se trata. Sabemos pouco relativamente aos casos espanhóis, li na imprensa ter-se-á, pelo menos num dos casos, tratado de uma encefalite, ou seja, uma infeção do sistema nervoso central, parecida com uma meningite, e que pode ocorrer com qualquer vírus, desde a gripe a herpes, etc. Podem num determinado momento, em determinada pessoa, causar essa complicação e, normalmente, é uma situação grave e pode ter este desfecho", explicou à TSF Margarida Tavares.

A responsável alerta que, apesar de não ficar surpreendida com o registo das primeiras mortes na Europa, existe a possibilidade de a doença vir a evoluir.

"Vamos manter a nossa abertura para a possibilidade, como aconteceu noutras alturas, com outros vírus, de poder haver alguma diferença de apresentação clínica e até de gravidade quando o vírus expande a sua região geográfica habitual, como é agora o caso. Estas infeções mantiveram-se durante muitos anos confinadas a África, Central e Ocidental, sobretudo, mas às vezes, quando essas infeções saem para outros locais, podem haver formas de apresentação diferentes. Mas, para já, não é essa a realidade que estamos a ver na nossa prática clínica. Na grande maioria dos casos, o que vemos são casos que se resolvem por si, com um pequeno número de lesões e com uma gravidade clínica muito pouco significativa, por muito desconfortável que seja", garantiu a porta-voz da Direção-Geral da Saúde para a varíola dos macacos.

Em Portugal, Margarida Tavares diz que a varíola dos macacos está estável, já que nas últimas semanas não se registou um aumento significativo do número de casos. Ainda assim, a DGS está a ponderar alargar a vacinação a pessoas que não foram expostas à doença mas têm um risco acrescido de poder vir a contactar com o vírus. A porta-voz da Direção-Geral da Saúde para a varíola dos macacos explica quem poderá vir a receber a vacina.

"Temos de olhar para aquelas que têm sido as pessoas mais afetadas neste momento e, a partir daí, poderão haver várias hipóteses. Incluir ou não incluir os profissionais de saúde, as pessoas que têm múltiplos parceiros sexuais, novos parceiros ou parceiros anónimos nos últimos tempos. Isso terá de ser ainda ponderado, não está definido", afirmou a especialista.

Margarida Tavares ressalva que esse alargamento da vacinação está dependente do número de vacinas disponíveis na Europa.

"Para nós e para muitos outros países a principal questão é, obviamente, sabermos se teremos possibilidade de ter mais doses disponíveis ou não e a definição das populações a abranger dependerá claramente disso. Temos 2700 doses e a vacinação, na maior parte dos casos, deve conter duas doses para cada pessoa. É fácil fazer as contas, perceber que temos um número razoavelmente pequeno e, portanto, tem de ser muito bem ponderado ou então temos de ter acesso a mais doses. É exatamente isto que está a ser ponderado e avaliado agora, quer internamente quer junto da autoridade europeia que está a verificar, com todos os países, de que forma podemos redistribuir e adquirir mais vacinas para que possamos mudar essa estratégia", acrescentou Margarida Tavares.

Para já o plano é o mesmo: passa por apenas vacinar quem esteve em contacto com pessoas infetadas com varíola dos macacos.

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