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A produtividade perdida no último ano devido ao cancro de mama foi superior a 1,1 mil milhões de euros, segundo um estudo divulgado nesta quarta-feira.
O trabalho, desenvolvido a pedido da Liga Portuguesa contra o Cancro (LPCC) para perceber o impacto social, profissional e económico do cancro da mama, calculou em 1.127.921.276 euros a produtividade perdida no último ano, por baixas médicas ou faltas ao trabalho.
O estudo estimou a produtividade perdida devido ao cancro da mama para aqueles que estiveram de baixa durante pelo menos um dia, convertendo o número de dias de baixa em horas de trabalho perdidas, e para os que continuaram a trabalhar após o diagnóstico, mas faltaram ao trabalho pelo menos uma vez.
Ouça a explicação da jornalista Guilhermina Sousa.
Para os que estiveram de baixa, o estudo indica 839 horas de trabalho perdidas por doente, num total de 1.113.264.422 euros de produtividade perdida em Portugal no último ano (19.960 euro/doente) e para os que continuaram a trabalhar, mas faltaram pelo menos um dia, aponta para 82 horas perdidas/doente, num total estimado de 14.656.854 euro (1954 euro/doente).
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Natália Amaral, da Liga Portuguesa Contra o Cancro, faz as contas à perda de produtividade.
A produtividade perdida foi igualmente calculada para os acompanhantes dos doentes, com o estudo a estimar em mais de 248 milhões de euros (9692 euro/pessoa) o impacto deste absentismo laboral.
Segundo o estudo, quase metade (45,8%) dos doentes disse que vai ao hospital acompanhado e, nestes casos, 69% dos acompanhantes trabalham.
O cancro da mama acarreta custos diversos para os doentes, sendo as consultas particulares e os medicamentos os principais. Os dados do estudo indicam que, no último ano, estes valores rondaram 907,87 euro/doente.
"Tem de haver um ajustamento" do trabalho às mulheres diagnosticadas.
Os custos mais elevados são atribuídos a consultas no setor privado (298,07 Euro), seguidas dos medicamentos (152,50 Euro), os tratamentos não convencionais (106,27 Euro), próteses (79,24 euro), roupa (55,86 euro) e custos de idas ao hospital (22,71 euro).
Há ainda um outro grupo de custos (193,22 euro) que envolvem a compra de cremes, sutiã cirúrgico, manga elástica, turbantes/chapéus, exames, tratamentos e fisioterapia.
O estudo, que teve o apoio da Roche e envolveu mil inquéritos junto de mil pessoas (97% mulheres) que têm ou já tiveram cancro de mama, conclui ainda que a saúde destas pessoas "é consideravelmente pior" do que a da população portuguesa relativamente às atividades habituais e, sobretudo, nas dimensões dor/mal-estar e ansiedade.
Os resultados são apresentados nesta quarta-feira no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.