"Quando tenho calma sinto esperança." Saúde mental nas quintas-feiras da inclusão

A Biblioteca Municipal de Faro realiza, durante o mês de outubro, iniciativas para se falar de Saúde Mental. Nas quintas-feiras da Inclusão junta pessoas com doença mental e crianças das escolas.

Há miúdos sentados no chão em semicírculo na Biblioteca Municipal de Faro e uma história que vai ser contada. " Conhecem a história do monstro das cores?", pergunta Ana Arnedo às crianças.

A técnica da biblioteca explica que a turma tem à sua frente duas utentes da Associação de Saúde Mental do Algarve (ASMAL) que a vão ajudar a contar a história, um conto que fala das emoções representadas por cores. "Quando as emoções (cores) estão baralhadas, podem surgir problemas de saúde mental", explica Ana.

A história desenrola-se e, entre as emoções do Monstro, aparece a alegria, representada pela cor amarela, ou ainda a raiva, pelo vermelho, ou o medo, pelo negro. A iniciativa tem como propósito apostar na inclusão, levando crianças e pessoas com doença mental a interagirem.

"Depois aparece outra emoção que aparece na história, de cor azul, é a tristeza", conta a animadora. Desafia as crianças a exprimirem alguns momentos em que sentiram tristeza.

"Senti tristeza quando o meu cão morreu", diz um miúdo. "Eu quando o meu gato desapareceu", conta outro. Mas há quem se lembre de outros episódios mais tristes, como a morte dos avós.

Há também outra emoção revelada nesta história e sentida pelo monstro das cores: a calma.

Deolinda, utente seguida pela ASMAL explica à plateia como é sentir-se assim. Nessas alturas "estou tranquila, a pensar no bem e com esperança", revela.

Esta iniciativa da Biblioteca Municipal de Faro, em colaboração com várias associações, tem como tema de destaque a Saúde Mental, num mês em que se assinalou o seu dia mundial.

Na opinião da professora Anabela Pimenta que levou até ali a sua turma de terceiro ano, o projeto é uma mais-valia. "Desde pequeninos têm que saber lidar com a diferença", afirma. A docente conta que na turma têm uma criança que precisa de atenção "especial" e este grupo de 7-8 anos, "tenta sempre ajudá-lo e integrá-lo em tudo".

Também Telma Silva, técnica da ASMAL, acredita que estas atividades trazem bem-estar aos utentes. "Esta é uma forma de desmistificar a doença mental, mas é engraçado que os miúdos aceitam muito bem as pessoas diferentes", afirma.

A ASMAL acredita que estas quintas-feiras da inclusão tornam os seus utentes mais felizes e as crianças capazes de perceber que estas são pessoas como todas as outras.

"Nós trabalhamos contra o estigma da doença mental", defende Suzy Constantino. A técnica da Associação de Saúde Mental considera que "é preciso as crianças perceberem que quem sofre de doença mental não deixa de ser quem é, e que qualquer de nós pode ter um dia uma doença mental".

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