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Há miúdos sentados no chão em semicírculo na Biblioteca Municipal de Faro e uma história que vai ser contada. " Conhecem a história do monstro das cores?", pergunta Ana Arnedo às crianças.
A técnica da biblioteca explica que a turma tem à sua frente duas utentes da Associação de Saúde Mental do Algarve (ASMAL) que a vão ajudar a contar a história, um conto que fala das emoções representadas por cores. "Quando as emoções (cores) estão baralhadas, podem surgir problemas de saúde mental", explica Ana.
A história desenrola-se e, entre as emoções do Monstro, aparece a alegria, representada pela cor amarela, ou ainda a raiva, pelo vermelho, ou o medo, pelo negro. A iniciativa tem como propósito apostar na inclusão, levando crianças e pessoas com doença mental a interagirem.
"Depois aparece outra emoção que aparece na história, de cor azul, é a tristeza", conta a animadora. Desafia as crianças a exprimirem alguns momentos em que sentiram tristeza.
"Senti tristeza quando o meu cão morreu", diz um miúdo. "Eu quando o meu gato desapareceu", conta outro. Mas há quem se lembre de outros episódios mais tristes, como a morte dos avós.
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Ouça a reportagem da TSF na Biblioteca Municipal de Faro.
Há também outra emoção revelada nesta história e sentida pelo monstro das cores: a calma.
Deolinda, utente seguida pela ASMAL explica à plateia como é sentir-se assim. Nessas alturas "estou tranquila, a pensar no bem e com esperança", revela.
Esta iniciativa da Biblioteca Municipal de Faro, em colaboração com várias associações, tem como tema de destaque a Saúde Mental, num mês em que se assinalou o seu dia mundial.
Na opinião da professora Anabela Pimenta que levou até ali a sua turma de terceiro ano, o projeto é uma mais-valia. "Desde pequeninos têm que saber lidar com a diferença", afirma. A docente conta que na turma têm uma criança que precisa de atenção "especial" e este grupo de 7-8 anos, "tenta sempre ajudá-lo e integrá-lo em tudo".
Também Telma Silva, técnica da ASMAL, acredita que estas atividades trazem bem-estar aos utentes. "Esta é uma forma de desmistificar a doença mental, mas é engraçado que os miúdos aceitam muito bem as pessoas diferentes", afirma.
A ASMAL acredita que estas quintas-feiras da inclusão tornam os seus utentes mais felizes e as crianças capazes de perceber que estas são pessoas como todas as outras.
"Nós trabalhamos contra o estigma da doença mental", defende Suzy Constantino. A técnica da Associação de Saúde Mental considera que "é preciso as crianças perceberem que quem sofre de doença mental não deixa de ser quem é, e que qualquer de nós pode ter um dia uma doença mental".