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O rabino do Porto detido pela Judiciária por alegadas ilegalidades na emissão de certificados de nacionalidade para judeus sefarditas fica a aguardar o desenvolvimento do processo com termo de identidade e residência e tem que entregar o passaporte.
Fonte da comunidade judaica do Porto avançou este sábado à agência Lusa que o rabino do Porto, Daniel Litvak, depois de ter sido interrogado "durante duas horas" viu ser-lhe aplicada as medidas de coação de Termo de Identidade e Residência (TIR), bem como a entrega de passaporte.
Em causa estarão alegadas irregularidades cometidas em processos de atribuição da nacionalidade portuguesa a descendentes de judeus sefarditas, que se encontram em investigação. Judeus sefarditas são judeus originários da Península Ibérica expulsos de Portugal no século XVI.

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Um dos casos de atribuição de nacionalidade portuguesa relaciona-se com o oligarca russo Roman Abramovich, proprietário do clube de futebol Chelsea (Reino Unido), que se tornou à cerca de um ano cidadão português ao abrigo da Lei da Nacionalidade para os judeus sefarditas.
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Sobre o caso da certificação da nacionalidade portuguesa a Roman Abramovich, a mesma fonte da comunidade judaica acrescenta numa comunicação escrita que o certificado data de "16 de julho" e sublinha que direção da comunidade judaica do Porto "só teve conhecimento a 10 de agosto, como evidência documentação que foi entregue às autoridades".
"Todos os processos de certificação são feitos pelo rabinato (líderes religiosos), e a direção da comunidade [judaica do Porto] não tem intervenção", esclareceu a mesma fonte.
A investigação policial, dirigida pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), em articulação com a PJ, visa ainda outros elementos responsáveis pela emissão de documentos certificadores de nacionalidade naquela comunidade embora, até ao momento, o rabino Daniel Litvak tenha sido o único detido no âmbito desta operação do DCIAP/PJ.
A detenção ocorreu quando o líder da comunidade judaica do Porto se estava a preparar para viajar para Israel e numa altura em que o Ministério Público (MP) está a investigar a atribuição da nacionalidade portuguesa a Roman Abramovich.
A Procuradoria-Geral da República em Portugal confirmou a 19 de janeiro que a concessão da nacionalidade portuguesa ao empresário russo Roman Abramovich ao abrigo da Lei da Nacionalidade para os judeus sefarditas estava a ser alvo duma investigação do MP.

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