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"Porquê dar crédito alguém que no fundo se quer colocar?" É com esta questão que o presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, Adão Carvalho, critica a entrevista com o ex-banqueiro João Rendeiro, que está em fuga da Justiça portuguesa, mas não em Belize, garantiu o próprio.
Em declarações à TSF, Adão Carvalho garante que foram cumpridos, no caso Rendeiro, todos os procedimentos, e realça o cumprimento, por parte da justiça portuguesa, dos "mais exigentes requisitos a nível Internacional". Resta agora esperar que o sistema funcione. "O que está a falhar exatamente, eu não sei", reconhece.
"Foram cumpridos aqueles que são os procedimentos normais neste tipo de situações. Há um mandado internacional pendente", explica o representante dos magistrados, que assinala que "o mundo é grande e as pessoas podem refugiar-se, durante algum tempo pelo menos, à margem da possibilidade de serem encontradas".
Adão Carvalho garante que foram cumpridos os procedimentos normais.
Questionado pela TSF sobre se o Ministério Público pode fazer algo mais para levar o ex-banqueiro a cumprir pena, Adão Carvalho tem a resposta pronta: "Não, é assim, os procedimentos que tem que ser feitos já o foram."
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E que procedimentos são esses? "Já foram emitidos mandados de detenção, quer dentro do espaço Schengen, quer a nível internacional. As autoridades como a Europol e Interpol já têm inserido, na respetiva base de dados, a pessoa cuja detenção se pretende". Resta, assim, "esperar que esses mecanismos funcionem".
Numa entrevista transmitida na noite desta segunda-feira pela CNN Portugal, João Rendeiro garantia só voltar a Portugal "se for ilibado ou com indulto do Presidente [da República]". O presidente do sindicato dos magistrados confessa não entender as razões para se ouvir o ex-banqueiro, que "não deve merecer crédito".

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"Dar audiência a quem está à revelia do sistema de um Estado de direito democrático e que usou de determinados esquemas para, no fundo, se ausentar à sua responsabilidade já reconhecida por uma decisão transitada em julgado... Entendo que não merece qualquer comentário e que essa pessoa não deve merecer crédito", explica.
Questionado sobre se a "questão principal" neste episódio é a entrevista a um foragido, Adão Carvalho responde que sim. "Porquê dar crédito alguém que, no fundo, se quer colocar? Nós num Estado de direito democrático temos de confiar nas instituições e o nosso sistema judicial cumpre os mais exigentes requisitos, a nível Internacional, de justiça", garante.
"Temos de confiar nas instituições e o nosso sistema judicial cumpre os mais exigentes requisitos."
À CNN Portugal, o antigo presidente do BPP considerou-se ainda injustiçado e comparou o seu caso com o do antigo presidente do Banco Espírito Santo (BES) Ricardo Salgado, que disse estar "protegido pelo sistema".
"Como nunca paguei nada a ninguém e não tenho segredos de Estado, sou um poderoso fraco." Salgado "segue com a sua vida tranquila em Lisboa", disse na entrevista que foi feita em colaboração com o jornal Tal e Qual.