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António Costa percorreu o país de Norte a Sul, numa "azáfama diabólica", e apesar de se apresentar como secretário-geral do PS, nunca despiu o fato de primeiro-ministro. Prometendo utilizar o dinheiro do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para desenvolver o país, de preferência com autarcas socialistas, Costa lançou ainda combustível sobre a campanha com as declarações sobre a refinaria da Galp em Matosinhos.
O líder socialista falou apenas duas vezes com os jornalistas, deixando sempre questões por responder, como a "resposta tardia" do Governo ao encerramento da refinaria de Matosinhos, e as queixas que chegaram à Comissão Nacional de Eleições (CNE) pelo secretário-geral do PS fazer campanha com o PRR.
As duas semanas de campanha foram sentidas, principalmente, durante o fim de semana, já que nos dias úteis, António Costa centrou parte do trabalho em São Bento, apenas com agenda eleitoral ao final do dia.
Com pouco contacto com a população, António Costa centrou a campanha em comícios, onde disparou em várias direções, visando diretamente Rui Rio e a esquerda, e admitindo que o PS se apresenta às eleições "numa posição ingrata".
"Nesta campanha estamos numa posição ingrata. Todos batem em nós, em vez de dizerem o que querem fazer pelo futuro do país. Em cada um dos conselhos, a escolha é uma: o PS e a coligação PSD/CDS, ou o PS e a CDU. Mas a escolha é sempre o PS e algum dos outros", atirou num comício em Évora.
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Em Castelo Branco, a dois dias do final da campanha, António Costa visou, pela primeira vez, o líder do PSD de forma direta, criticando a postura do PSD quanto aos apoios sociais, e deixando uma questão aos portugueses.
"Em que país vive o líder do PSD, que não compreende que estamos a sair de uma crise terrível? As empresas precisam de apoio e as famílias de condições para viver melhor. Só assim enfrentamos com sucesso esta crise, não com austeridade, e a caminho de um país mais próspero para todos", apontou.
Se fossem outros a Governar, em vez de apoios, Portugal teria austeridade: "O PSD não tem escondido, quando dissemos que tínhamos que proteger os rendimentos mais fracos, aumentando o salário mínimo, o PSD foi contra".
E para que o PRR tenha sucesso, Costa alertou que "não podemos ter os municípios entregues a quem todos os dias aparece na televisão a combater o plano, temos que ter os municípios entregues a quem quer arregaçar as mangas e pôr rapidamente no terreno, e em execução, o PRR", salientou, em Braga.
Numa ação de campanha na Madeira, Costa avisou que "não vale a pena ameaçarem-no com a CNE", pela propaganda eleitoral com o PRR. "Não tenciono fazer a propaganda do Governo regional, dizendo onde decidiram investir, bem ou mal é lá com eles", atirou, sobre os fundos atribuídos à Madeira.

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A oposição centrou as críticas a António Costa pelo secretário-geral do PS não despir o fato de primeiro-ministro, no que toca aos fundos de Bruxelas, com Rui Rio a pedir aos portugueses "que não se deixem iludir" pela "propaganda" de Costa. Já Catarina Martins foi mais longe, e acusou Costa de "não entender críticas normais em democracia".
O líder socialista respondeu sempre às críticas da oposição, quanto à distribuição da bazuca, e no Alentejo, em território comunista, deixou mesmo mensagens para o PCP: "Fico muito perplexo quando vejo partidos dizerem que o PRR é para servir o grande capital e os interesses de Bruxelas".
"Não, o PRR é para investir na habitação, transportes públicos, para podermos desenvolver os centros de saúde e as redes de cuidados continuados. O PRR é para desenvolver o nosso país e servir as populações", refutou.
A meio da campanha, estalou a polémica com as "asneiras e disparates" da Galp, durante o encerramento da refinaria de Matosinhos, que levou Costa a pedir uma "lição exemplar" para a empresa que despediu 1600 trabalhadores.

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"Era difícil imaginar tanto disparate, tanta asneira, tanta insensibilidade, tanta irresponsabilidade, tanta falta de solidariedade como aquela que a Galp deu provas aqui em Matosinhos", atirou.
Criticado pela oposição, da esquerda à direita, e com os trabalhadores da empresa a lamentarem "o triste espetáculo" António Costa voltou a reforçar, em Alcácer do Sal, "que a Galp não tem cumprido, nem tem feito o esforço que devia fazer" para assegurar a formação e a colocação dos trabalhadores.
Há quatro anos, nas eleições autárquicas de 2017, o PS conseguiu o melhor resultado de sempre, garantindo a presidência de 159 câmaras municipais, 142 das quais com maioria absoluta. O objetivo do partido para dia 26 de setembro é continuar como a maior força autárquica, garantindo a presidência da Associação Nacional de Municípios.
