Sem médico de família há mais de dois anos, o cenário é "catastrófico" e voltam as "mezinhas" de antigamente

Vasco Oliveira, presidente da União de Freguesias de Belazaima do Chão, Castanheira do Vouga e Agadão, teme que a situação se possa mesmo agravar

Desde outubro de 2019 que a União de Freguesias de Belazaima do Chão, Castanheira do Vouga e Agadão não tem médico de família. A população chegou mesmo a boicotar as últimas eleições presidenciais a 24 de janeiro, em protesto contra a falta desta valência. Esta segunda-feira (1 de março), o presidente da União de Freguesias reuniu com o responsável pelo ACES (Agrupamento de Centros de Saúde) do Baixo Vouga, mas parece que a situação é para continuar, pois a reunião terminou sem boas notícias para a população, ou pelo menos sem a garantia de que voltariam a ter um clínico nestas localidades.

Vasco Oliveira, presidente desta união de freguesias, teme que a situação se possa mesmo agravar. "Não tivemos qualquer conclusão, nem se avizinha uma luz ao fundo do túnel. Temos uma médica que aqui foi colocada, mas que colocou baixa e dos cinco médicos que existem na UCSP2 de Águeda, em que estamos inseridos, estão dois clínicos de baixa e, pelo que me foi transmitido, é que poderá piorar nesta UCSP, mas também em todo o concelho", explica. Isto porque há médicos a entrar na reforma e outros que, supostamente, "irão colocar baixa por outros motivos".

O presidente desta UF refere que se avizinha um "cenário catastrófico", sentindo-se "impotente" por não ver "grande força a nível político e a nível do diretor do ACES para que se consiga ultrapassar o cenário em que estamos", diz.

Com esta situação, "os utentes são os mais prejudicados", refere Maria Adriana Conceição, que dá voz à população e afirma mesmo que se está a voltar "a mezinhas caseiras, com algum obscurantismo à mistura", acrescentando que aqueles que têm dinheiro e facilidade de se movimentar recorrer a clínicas privadas. "Por outro lado, aqueles que têm doenças como diabetes ou hipertensões não vão a lado nenhum porque são doenças que não causam qualquer sintomatologia. Assim, estas vão-se agravando e quando têm sintomatologia já não são fáceis de resolver", explica.

Há aldeias no concelho de Águeda a 20km da sede de concelho. Sem transportes públicos, como refere Carlos Santos, outro habitante de Bealzaima e utente deste posto de saúde local, "tem sido difícil, porque para pessoas com capacidade de conduzir é possível porque temos boas acessibilidades. Contudo, para pessoas com idade, pela autonomia que já não têm, não têm capacidades para isso". Têm de ser transportadas, mas "os transportes não existem ou não se adequam, estão sempre dependentes de terceiros", diz.

Carlos Santos alerta ainda para o facto de as UCSP terem o dever de prestar cuidados de saúde de proximidade. "Ora, se a proximidade é pegar nas pessoas e levá-las ao médico, isso não é proximidade nenhuma. A proximidade é o médico vir até junto das pessoas", afirma.

Neste momento, Águeda é um concelho com 2500 pessoas sem médico de família. Na União de Freguesias de Belazaima do Chão, Castanheira do Vouga e Agadão, a situação arrasta-se desde outubro de 2019.

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