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Seis meses depois do Serviço de Urgência do Hospital de São João somar à equipa um psicólogo, o diretor do Serviço de Psicologia quer "alargar a rede" e incluir os psicólogos do INEM para "um melhor acompanhamento" às famílias.
O protocolo de colaboração entre o Serviço de Urgência e o Serviço de Psicologia do Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ), no Porto, foi implementado em março e, desde então, o balanço é "extremamente positivo", disse à Lusa Eduardo Carqueja, diretor do Serviço de Psicologia.
Três meses após a equipa do Serviço de Urgência somar um psicólogo, esclareceu o clínico, foi feito um balanço e "alargou-se o protocolo ao Serviço de Urgência Pediátrica e às Unidades de Cuidados Intensivos Pediátricos".
"Efetivamente, houve essa necessidade", indicou, acrescentando que a colaboração nos dois serviços tem tido "bastante regularidade", com os mesmos a acompanharem, em média, um caso (doente ou família) por dia.
Confiante de que, em breve, o protocolo deixará de ser "um projeto para ser uma realidade", Eduardo Carqueja salientou existirem "situações carentes da presença" do serviço de psicologia em diferentes níveis do serviço.
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"Tem havido um alargar destas situações, com regularidade, e aquilo que é a nossa presença e colaboração no serviço de urgência", destacou.
Face ao balanço "extremamente positivo", o intuito prende-se agora com o alargamento da rede ao nível "pré-hospitalar", dimensão que está em "elaboração" e já motivou reuniões com o diretor do INEM e a responsável pela integração psicológica do INEM na região Norte.
"Entendemos que poderia ser importante fazer uma ligação com os psicólogos do INEM. A equipa de psicólogos do INEM, quando é chamada ao local, pode ter aqui, desde logo, um contacto connosco, referenciando a vinda de alguém em estado crítico e a presença da família, para que não se perdesse a continuação da intervenção", esclareceu.
Além de permitir a continuidade da intervenção à família e doente, este contacto prévio da equipa do INEM com o psicólogo de urgência permitirá "um melhor acompanhamento e conhecimento sobre a situação".
"Percebemos que temos todos a ganhar com isto e quem mais ganha são as pessoas", referiu, acrescentando que esta é "uma necessidade" face à atual referenciação que é feita, nomeadamente, através das unidades de saúde primárias.
"A referência que davam à família era para irem ao centro de saúde, ao médico de família pedir uma consulta de psiquiatria para, depois, o psiquiatra nos enviar a nós. Estamos a falar de, pelo menos, meio ano", afirmou.
Uma vez referenciadas no hospital, as famílias passam, "nessa mesma semana ou, no máximo, na semana seguinte, a ter acompanhamento psicológico", salientou Eduardo Carqueja, destacando que tal melhora a "qualidade de intervenção" e diminui "o sofrimento das pessoas".
Além de expandir a rede de psicologia de urgência aos cuidados pré-hospitalares e hospitalares, o objetivo futuro é também alargar o horário de funcionamento do protocolo, passando o turno a terminar às 22h00 ou 23h00 em vez das atuais 17h00.
"Estamos também a tentar que, provavelmente, no próximo ano, ao fim de semana e feriados, um membro da equipa possa ficar em prevenção no serviço de urgência", acrescentou.
Salientando a importância das redes de colaboração, Eduardo Carqueja lembrou ainda que, atualmente, "o estigma não é recorrer ao psicólogo, mas não ter acesso".
"Hoje em dia, se alguém precisar de uma consulta de psicologia, e isto é um modelo que vai ter de ser mudado porque não faz sentido, tem de ser seguido através do médico de família a uma consulta de psiquiatria. Gostava de ver isto mudar, mas enquanto não o for, o maior estigma é a acessibilidade", afirmou.
O Serviço de Psicologia do CHUSJ tem 30 psicólogos e foi criada uma subequipa para esta nova tarefa.