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O acesso ao serviço de Urgência Geral do Hospital de Santo André, em Leiria, vai estar limitado a partir das 22h00 desta terça-feira e até às 08h00 de quarta-feira, anunciou o Centro Hospitalar de Leiria (CHL).
Num comunicado divulgado, o CHL informa que, a partir das 22h00 desta terça-feira, "o acesso ao Serviço de Urgência Geral do Hospital de Santo André será limitado, com o possível reencaminhamento de alguns doentes para as Urgências do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra".
Segundo o CHL, esta situação, que ocorrerá até às 08h00 de quarta-feira, deve-se "a três razões essenciais", como o facto de "continuarem a acorrer ao CHL muitas falsas urgências (às 17h00 desta terça-feira, dos 20 utentes que estavam em espera para serem observados, 14, ou seja, 70%, eram não urgentes)".
A medida é também justificada por as "Urgências da ADR [Área Dedicada para Doentes Respiratórios] do Hospital das Caldas da Rainha do Centro Hospitalar do Oeste terem encerrado ontem [segunda-feira] e estarem a ser reencaminhados doentes" para o hospital de Leiria.
Outra razão prende-se com o facto de na segunda-feira "se ter registado o recorde desde 01 de janeiro deste ano do número de doentes atendidos no Serviço de Urgência Geral" do Hospital de Santo André "de 404 doentes, sem que tenha sido possível, não obstante todos os esforços, alocar reforços médicos necessários para uma resposta compatível".
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No comunicado, o CHL reitera o apelo para que os utentes se dirijam "ao Serviço de Urgência apenas em casos mesmo urgentes".
"No seu próprio interesse, os utentes devem adotar as medidas já divulgadas em situações anteriores, utilizando de forma correta as urgências hospitalares. Recorda-se que, em caso de doença, o primeiro contacto deverá ser para a Linha SNS 24 - 808 24 24 24, que disponibiliza aconselhamento e encaminhamento em situação de doença e medicação", adianta.
O CHL pede ainda aos utentes que recorram aos "cuidados de saúde primários, dirigindo-se ao seu centro de saúde para serem assistidos pelo seu médico de família, ou pelo seu médico assistente, ou para serem observados na consulta aberta".
"Destaca-se que o Centro de Saúde da Marinha Grande dispõe do Serviço de Atendimento Permanente, que funciona 24 horas por dia, todos os dias, bem como o Centro de Saúde de Ourém, que tem um Atendimento Complementar, que funciona aos sábados, domingos e feriados, das 09h00 às 19h00", acrescenta o comunicado.
Segundo o seu 'site', o CHL, que integra também os hospitais de Pombal e de Alcobaça, tem como "área de influência a correspondente aos concelhos de Batalha, Leiria, Marinha Grande, Porto de Mós, Nazaré, Pombal, Pedrógão Grande, Figueiró dos Vinhos, Castanheira de Pera, Ansião, Alvaiázere, Ourém e parte dos concelhos de Alcobaça e Soure, servindo uma população de cerca de 400 mil habitantes".
"É uma situação dramática"
O presidente da secção regional do centro da Ordem dos Médicos adianta à TSF que nesta altura estão 140 doentes na urgência e o hospital não tem capacidade para assumir mais doentes. Carlos Cortes diz que se trata de uma situação dramática.
"Aquilo que nos foi reportado pela direção clínica é que há falta de recursos humanos em várias áreas, nomeadamente na medicina interna e na área generalista. Neste momento estão na urgência cerca de 140 doentes e o serviço de urgência do hospital de Leiria perdeu a sua capacidade de dar resposta a mais doentes. É uma situação dramática que é um pouco o retrato daquilo que está a acontecer neste momento em muitos hospitais do Serviço Nacional de Saúde", explicou Carlos Cortes.
Sobre a decisão do Centro Hospitalar de Leiria de limitar o acesso ao Serviço de Urgência Geral, a Ordem dos Médicos do Centro considera que a grave situação resulta da gestão negligente do Governo.
"A Ordem dos Médicos pediu aqui medidas de exceção, medidas importantes para se poder proceder à contratação de médicos para aquele hospital, para poder pelo menos dar uma resposta importante que é a do serviço de urgência. Infelizmente o Serviço Nacional de Saúde foi inapto, teve aqui uma demonstração de enorme negligência, muito preocupante e hoje temos algo que é muito grave, que é o facto de o doente poder necessitar de cuidados urgentes, dirigir-se ao hospital de Leiria, que tem a porta fechada, e ter de dirigir-se depois a outro hospital. Isto não é admissível para um hospital desta dimensão e a responsabilidade pesa sobre o Ministério da Saúde, que nada fez", acrescentou o presidente da secção regional do centro da Ordem dos Médicos.
Ouça aqui as declarações de Carlos Cortes à TSF