Coordenador do S.TO.P, André Pestana, esteve na manifestação de Braga e Guimarães.
Braga acordou, esta manhã, com cânticos de revolta e uma marcha pela escola pública. "Respeito" e "dignidade" foram algumas das palavras de ordem entoadas pelos profissionais de educação de todo o concelho que participaram no protesto organizado pelo S.TO.P - Sindicato de Todos os Profissionais da Educação.
Várias dezenas de professores e trabalhadores não docentes saíram, pelas 10h00, do Largo da Senhora-a-Branca rumo ao centro da cidade dos arcebispos para reivindicar um ensino de qualidade, progressão na carreira, aumentos salariais e menos burocracia nas escolas.
O coordenador do S.TO.P, André Pestana, marcou presença na manifestação de Braga e Guimarães, onde sublinhou que "pela primeira vez, docentes e trabalhadores não docentes estão unidos".
Para o sindicalista, o Ministério da Educação ainda não compreendeu os motivos que levam milhares de profissionais às ruas o que, na ótica de André Pestana, só dá força a esta luta.
"O Governo tem de reconhecer que os profissionais de educação, ao longo dos últimos anos, cederam em tudo", declara.
A manifestação teve continuidade, a partir das 17h30, na cidade berço. Os profissionais de educação saíram da Escola Básica 2/3 João de Meira rumo ao Largo do Toural, onde realizaram uma vigília.
Em luta desde dezembro, o S.TO.P defende que o facto de existirem crianças e jovens com necessidades específicas com apenas 45 minutos, por semana, de terapia é um reflexo da falta de investimento da tutela na educação.
Recorde-se que o S.TO.P convocou nova greve para os dias 1, 2 e 3 de fevereiro, sendo que no sábado, 28 de janeiro, está prevista uma manifestação em frente ao Ministério da Educação, em Lisboa, que seguirá até ao Palácio de Belém.
Esta quarta-feira, o sindicato emitiu um comunicado onde recusa a proposta do Governo para prestar serviços mínimos, proposta essa que o S.TO.P considera um "novo ataque ao direito à greve" e "uma ameaça à democracia".
Docentes alertam para criação de "guetos" na escola pública
Carlos Fragoso é professor há quase 40 anos e mostra-se preocupado com o futuro da escola pública. Na sua opinião, cada vez mais, o ensino público é opção apenas para as famílias sem poder de compra. "Corremos o risco de criar guetos na escola pública devido à falta de qualidade", alerta.
Juliana Freitas, professora de História há três anos, faz diariamente cerca de 50 quilómetros para ter um "horário completo". O dia começa em Fafe, segue para Guimarães e depois para Celorico de Basto. Uma rotina que considera desgastante a nível psicológico.
Já Ema Ribeiro, professora há 24 anos, denuncia a falta de trabalhadores não docentes como psicólogos e professores de educação especial, o que coloca em causa a missão de ensinar. "Com uma turma de mais de 20 alunos nós, sozinhos, não conseguimos chegar a todos", lamenta.