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Perante a escalada dos preços da luz, a água usada nas barragens para produzir eletricidade torna-se um bem ainda mais preciso, mas o rio Tejo está a secar, tanto em Espanha como em Portugal. Em Vila Nova da Barquinha, há apenas um fiozinho de água, e o Castelo de Almourol já não se encontra isolado em ilha. Há agora um pedaço de terra exposta por onde percorrer o caminho.
Fernando Freire, presidente da Câmara de Vila Nova da Barquinha (Santarém), olha com estupefação para a margem Norte, por onde já se faz o acesso pedonal até ao castelo. "Temos um riacho. O rio Tejo neste momento... Eu nunca o vi assim. A ilha deixou de o ser."
Ouça as declarações de Fernando Freire.
O autarca esmorece a olhar par ao fiozinho de água no lugar do Tejo e queixa-se de que a vida do rio está a ser sacrificada pelo negócio da eletricidade: "Quando a energia é mais cara é injetada. Funciona como uma bolsa de valores, completamente como o mercado." Agora a água do Tejo vale mais a produzir eletricidade, tanto em Portugal como em Espanha. O rio é ibérico e o mercado da eletricidade, também. Fernando Freire pede que se verifique o caudal nas barragens a montante, mas também nas portuguesas.
"Estamos a falar do negócio geral da água por parte das empresas que fazem esta exploração", contesta, em declarações à TSF.
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Para o autarca, o Tejo serve o negócio da eletricidade.
Os autarcas da região pedem que seja definido um caudal mínimo que assegure que o rio continua vivo, e isso implica que o acordo atual com Espanha tem de mudar. Fernando Freire pede que se substitua o "acordo em que era fixado um valor volumétrico anual".
"Levando esta interpretação ao extremo, os espanhóis estão a cumprir o acordo. Se houver uma cheia, objetivamente passam milhares e milhares de metros cúbicos de água em Vila Nova da Barquinha."
O Governo português garante que está a trabalhar com Madrid por um novo acordo pelos caudais mínimos, mas, pelos recordes do preço da eletricidade no mercado ibérico, o mais provável é que a agua só volte ao Tejo quando chover.