Túneis de drenagem em Lisboa? Geógrafa defende "áreas verdes" e cidades que "tenham mais solo"

No Fórum TSF, Maria José Roxo considera que há falhas estruturais para canalizar "excessos de água para o mar" e explica que os solos "podem absorver quantidades de água importantes e transformar as cidades em autênticos sistemas naturais".

Os estragos provocados pela tempestade que assolou Lisboa na madrugada de quarta-feira subiram a debate no Fórum TSF. Maria José Roxo, geógrafa da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, nota a falta de espaços verdes na cidade, defende que há evidentes falhas estruturais e considera que os dois túneis de drenagem planeados para 2025 não vão resolver o problema.

"Não é apenas uns túneis para canalizar estes excessos de água para o mar, mas ver as cidades como um sistema. Temos que ter áreas que captem essa quantidade de água. Podem ser bacias de receção, que podem depois ser áreas de lazer, assim como temos que pensar que as áreas verdes são muitíssimo importantes e incentivar que as cidades sejam mais verdes, tenham solo", defende Maria José Roxo, referindo que "o solo pode absorver quantidades de água importantes que já não circulam nas ruas, nem nas estradas e transformar as cidades em autênticos sistemas naturais".

"Cada rua passa a ser um rio, com caudal e uma velocidade que transporta tudo aquilo que encontra pela frente. Estas cidades têm que ser planeadas no total das suas componentes", sublinha.

A geógrafa Maria José Roxo destaca também que é necessário ter também atenção ao resto do país, sobretudo, em ano de seca.

"Esta água, com esta intensidade, quando cai sob estes terrenos, assim como quando cai sob as áreas que arderam, vão arrastar o solo, os nutrientes e todo esse material vai ser transportado para os cursos de água e muito dele vai para dentro das albufeiras. Não só vai a água que necessitávamos, mas vai também grande parte do solo que é um recurso vital e essencial e que vai integrar as barragens, que já estavam entulhadas e que ninguém teve a noção nem o bom senso de limpar essas barragens, porque tínhamos um ano excecional de seca", acrescenta.

Todos os distritos do continente estão sob aviso amarelo até às 15h00 desta sexta-feira devido à previsão de chuva por vezes forte, podendo ser acompanhada de trovoada e de rajadas fortes de vento.

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