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Teresa Alves e as companheiras de luta trazem com elas um estendal. "O nosso estendal são as roupas que não fazem a mulher. As roupas não vão mudar o mundo, as mulheres que as vestem, sim." Neste estendal, cada peça de roupa representa um problema, um direito que as mulheres não veem ser respeitado: "A educação, a justiça social, pão, saúde, a paz - que, agora, é tão importante, no mundo inteiro. É isso que nós pedimos".
É a vontade de ver mudanças que traz Teresa, hoje, de Santiago do Cacém até Lisboa para a Manifestação Nacional de Mulheres. Como ela, centenas e centenas marcham desde os Restauradores até à Praça do Município para reclamar aquilo que, gritam, é delas por direito.
Ouça aqui a reportagem. Sonorização de Pedro Picoto
"Mulher, escuta: o tempo é de luta", são as palavras de ordem nas ruas. Mariana, estudante universitária de 20 anos, explica as desigualdades que, defende, precisam de ser apagadas. "Na questão laboral, a diferença salarial, mas, mesmo na escola, há uma certa diferenciação entre os alunos rapazes e as alunas raparigas, e até na vida social... É "o homem é capaz, mas a mulher não". E esse pensamento tem de mudar. E nós temos de fazer a diferença", sustenta.
Na luta, estão jovens como Mariana, mas também veteranas como Antónia, reformada, de 75 anos. "Eu nunca faltei a nenhuma luta!", conta. "Já sou há 48 anos do Movimento Democrático de Mulheres."
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Mas, para conseguir uma sociedade mais justa, admite Antónia, é preciso contar mesmo com todos... e por isso são muitos os homens a marchar, aqui, ao lado das mulheres.
"Estando a mulher bem, o homem também fica bem! Nós não somos contra os homens!", sublinha Antónia, que se revela "muito satisfeita" por ver tanta presença masculina nesta manifestação. "É muito bom, especialmente os jovens. Há que haver gente para continuar", frisa.
É o caso de Pedro, que acredita que os homens podem fazer muito para apoiar a luta das mulheres. "Em primeiro lugar, podem estar aqui. E, no plano pessoal, podem ter uma postura correta, conseguir reconhecer este tipo de injustiças e de violências que é exercido sobre as mulheres", aponta. "E, depois, podem convencer as suas amigas, mães, tias, a virem cá estarem presentes."
"Mil razões para lutar" foi o mote escolhido pelo Movimento Democrático de Mulheres (MDM) para esta manifestação, organizada há sete anos, para mostrar a "força e unidade das mulheres na defesa e conquista dos seus direitos", e que contou também com a presença da secretária-geral da CGTP, Isabel Camarinha, e com o líder do PCP, Paulo Raimundo.