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Um triste espetáculo profundamente lamentável. É assim que a Comissão de Trabalhadores e o Sindicato das Indústrias Transformadoras classificam as declarações de António Costa num comício em Matosinhos. O primeiro-ministro deixou duras críticas à Galp pelo despedimento coletivo na refinaria de Matosinhos. António Costa falou em asneiras, insensibilidade e irresponsabilidade, prometendo uma lição exemplar à empresa.
O coordenador da Comissão Central de trabalhadores da petrolífera, Hélder Guerreiro, lembra que o primeiro-ministro sempre se remeteu ao silêncio.

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"As primeiras palavras são um lamento profundo pela posição tardia do primeiro-ministro relativamente a este assunto. A Comissão de Trabalhadores tem informado o primeiro-ministro desde a primeira hora, tem tentado reunir com ele, tem tentado obter reações que pudessem salvaguardar o crime económico que foi cometido com o encerramento da refinaria do Porto e consequente despedimento dos trabalhadores, tendo este remetido sempre ao silêncio", sustenta.

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Hélder Guerreiro critica, por isso, o que considera ser o aproveitamento político: "O primeiro-ministro andou sempre de mãos dadas com a Galp em todo este processo e agora, depois do despedimento coletivo, vem fazer este triste espetáculo no âmbito de uma campanha eleitoral. É um aproveitamento político de um assunto que é um drama social, que é um crime económico e o primeiro-ministro ainda tenta tirar dividendos de uma posição para a qual ele contribui decisivamente. É profundamente lamentável."
Hélder Guerreiro lembra também que foi o ministro do ambiente a anunciar o encerramento da refinaria da GALP em Matosinhos, para dizer que espera que Matos Fernandes seja alvo da lição prometida pelo primeiro-ministro.
"Nós não nos esquecemos que foi o próprio ministro Matos Fernandes que anunciou o encerramento da refinaria. Logo, deduzimos que o ministro também deve ser alvo desta lição. O senhor primeiro-ministro deve também estar a preparar uma lição para o atual ministro da Transição Energética", ironiza.
O Sindicato dos trabalhadores das Indústrias Transformados também ficou de boca aberta com as palavras do primeiro-ministro. O coordenador Miguel Ângelo Pinto sublinha que não vale tudo em campanha e deixa um apelo a António Costa.
"Isto foi um misto de estupefação e de revolta. Nós fizemos já duas visitas a Lisboa para o primeiro-ministro nos receber. Nunca nos recebeu e ontem veio com aquelas declarações em campanha eleitoral. Penso que mesmo em campanha eleitoral não vale tudo. Levando a sério as palavras do primeiro-ministro António Costa, então o Estado e o Governo têm todos os meios ao seu alcance para dar uma lição à Galp e para reverter esta situação e meter a refinaria em funcionamento e reverter o despedimento coletivo", remata.
A TSF contactou a Galp, mas a empresa recusou-se a comentar as declarações de António Costa.