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A Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, em Lisboa, manifestou apreensão e oposição face à possibilidade de ocupação do espaço público num plano de filmagens noturnas previsto numa produção para a Netflix. Estas filmagens - oito noites seguidas e dois dias - causarão um impacto negativo na qualidade de vida, no direito ao descanso e tranquilidade e no direito à mobilidade dos moradores das zonas contempladas.
Miguel Coelho, o presidente da Junta, diz à TSF que não está contra as filmagens, mas sim contra os constrangimentos que elas podem provocar numa freguesia com uma população envelhecida.
"Filmar durante oito noites seguidas é uma violência muito grande para quem ali reside e tem família, pessoas idosas e crianças, porque isto implica, naturalmente, ruído. As filmagens correspondem a um filme de ação, mete perseguições de automóveis, tiros, choques entre carros, escada acima, escada abaixo. Certamente tudo muito espetacular, mas oito noites seguidas é algo que é impensável para mim enquanto presidente da Junta, porque isto implica cortes de ruas, de quarteirões, o fim de estacionamento à superfície durante vários dias. A Junta não pode aceitar que isto seja assim como os senhores pretendem", explica.
Ouça aqui as declarações de Miguel Coelho à TSF
O presidente da Junta de Santa Maria Maior propõe uma solução.
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"A solução é nós termos uma reunião de trabalho séria e que estas filmagens possam ser, porventura, distribuídas um pouco pela cidade e não sejam todas no mesmo sítio. Terá de se encontrar uma alternativa que seja aceitável", afirma.
Miguel Coelho espera que a Câmara Municipal de Lisboa "assuma a condução deste processo em diálogo com a Junta de Freguesia e com a produtora".
Miguel Coelho defende diálogo da Câmara Municipal com a Junta de Freguesia e a produtora
A Junta de Freguesia de Santa Maria Maior não tem, no âmbito das suas competências legais, poderes para impedir estas filmagens tal como estão previstas. Trata-se de uma competência exclusiva da Câmara Municipal de Lisboa. Por isso, a Junta lamenta que o Presidente da Câmara Municipal de Lisboa tenha já manifestado o seu entusiasmo pela sua realização, sem primeiro conhecer a opinião ou o parecer da Junta de Freguesia.
Este desencontro ocorre no preciso dia em que a Assembleia Municipal de Lisboa discute o futuro da Baixa lisboeta, num debate que abrange temas tão diversos como as alterações demográficas na zona histórica e o fim da proteção no arrendamento. A freguesia de Santa Maria Maior é uma das que perdeu mais população, cerca de 21% nos últimos dez anos.
Outro tema em discussão na Assembleia Municipal desta terça-feira é o da diminuição do comércio local. Segundo os números da Associação de Dinamização da Baixa Pombalina, são mais de 110 as lojas fechadas na sequência da pandemia.