- Comentar
O convidado da Rede Social de hoje é António Marujo, jornalista com mais de 35 anos de carreira. Foi um dos fundadores do Público, em 1989, antes passara pelas redacções do Expresso e do Diário de Lisboa, tendo também participado em programas de rádio e de televisão. Autor ou co-autor de quase duas dezenas de livros, António Marujo é especializado em informação religiosa, tendo recebido por duas vezes o Prémio Europeu de Jornalismo Religioso na Imprensa Não-Confessional (instituído pela Conferência das Igrejas Europeias). Actualmente dirige o jornal digital Sete Margens, dedicado à temática das religiões.
A dada altura da conversa, é-lhe perguntado se os media portugueses, de um modo geral, perceberam o sentido mais fundo do aviso de Malraux de que "o século XXI ou seria religioso ou não seria". António Marujo respondeu: "Creio que não. Em Portugal, creio que não. Em Portugal e em Espanha, estamos muito na mesma realidade, ao contrário do que se passa noutros países. Eu vejo a imprensa inglesa, por exemplo, que tem o que eles chamam o correspondent para os assuntos religiosos. Na imprensa francesa, há sempre um jornalista que trata dessa área. Na imprensa italiana, nem se fala. Em Portugal, não percebemos a importância que esta questão tem".
Ouça aqui a Rede Social
O Papa desafiou há dias os jornalistas a gastarem as solas dos sapatos. Este Papa trouxe um olhar luminoso à nossa vida. Os jornalistas devem-lhe ou não uma longa vénia, pelos caminhos que ele tem sugerido desde Lampedusa? "Este Papa é uma das razões para eu continuar a fazer jornalismo nesta área", responde António Marujo. "Porque às vezes a tentação da desistência também é muita. Mas, de facto, o Papa tem-nos interpelado enquanto classe profissional, chamando-nos a atenção para questões que marginalizamos, todos os dias. Ele está muito atento ao que se passa. Essa é, aliás, uma das minhas perplexidades: como é que ele tem tempo para captar tudo o que se passa?"